A velhice de Cora (*)
dos que muito já viveram.
Pode aparecer sorrateira,
sem alarme, aviso ou email
e tem a rotina de parceira.
As rugas do rosto visíveis
indicam anos de experiência.
Já os sinais intransponíveis
desafiam a teoria da ciência
e espelham afetos sofríveis.
O corpo macio e dolorido
convida ao ócio da impiedade.
E a ausência de um sentido,
desperta de novo a criatividade
de falar sobre o dia ocorrido.
E da mente de Cora Coralina
um mundo vivo se descortina.
Por trás dos óculos, o passado.
Nas mãos cansadas, a coceira
de juntar versos de brincadeira.
No mundo daquela doce senhora
tudo agora servira de pretexto
para escrever poemas sem demora.
Sem se importar com o contexto
e com a maturidade de outrora.
Seu nome na literatura cresceu
e sobre amor e ternura discorreu.
Para os amigos e fiéis familiares,
essa menina, senhora, tão corada,
coralina, idosa, passeia nos lares,
carregando poetas na madrugada.
(*) márcia fernanda peçanha martins
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