No woman no cry (*)
Como já dizia Gilberto Gil, em 1980, na versão em português de “No Woman, no Cry”, sucesso de Bob Marley & The Wailers, canção que trouxe a influência musical do reggae para o Brasil e embalou muita festa dos anos 80. “Não, não chores mais, menina não chore assim... Melhor é deixar prá trás... Eu sei a barra de viver, mas se Deus quiser...”. Então, antes de arrancar os fios de cabelo de raiva e mandar aquele chato que sempre puxa conversa no elevador praquele lugar que rima com mil, lembre-se de você e seus amigos, sentados ali na grama do aterro sob o sol.
Não sou uma boba alegre. Nem a velhinha de Taubaté. Devo admitir, no entanto, que uma ou duas daquelas situações citadas lá no início, podem ser biográficas. Mas como ainda tenho o péssimo hábito de acreditar nas decisões dos homens de fé, boa vontade e caráter, comecei a quarta-feira cantalorando “No Woman...”. Ou talvez porque escreva a coluna para ser publicada no dia 1º de abril, data destinada à brincadeira da mentira, e quando o STF deverá iniciar o julgamento da obrigatoriedade do diploma de curso superior específico para exercer a profissão de jornalista.
A necessidade do diploma me fez lembrar a Saudosa Maloca, a minha turma da Famecos, faculdade de comunicação da PUCRS. Principalmente os amigos e amigas que escolheram como especialização o jornalismo, e estudaram quatro anos ou mais, dependendo do rendimento de cada um, financeiro e acadêmico, a fim de conseguir o diploma de Ensino Superior. Nas festinhas da Saudosa, uma das músicas que cantávamos era “No Woman...”. Os guris de cabelos compridos e desalinhados e as gurias de saias coloridas e cheias de miçangas, “o grito da moda”.
Misturei, no liquidificador, os ingredientes do passado, do presente e de algum futuro, estampado no ventre da sobrinha e afilhada Camila, que comemora 22 anos e prepara a chegada da Lohana, e percebi que tudo, tudo, tudo vai dar pé. Até que me provem o contrário. Enquanto isso, vez ou outra, fico observando hipócritas, disfarçados, rondando ao redor.
Hoje, dedico a coluna à Camila, à Saudosa Maloca, ao Gilberto Gil, à diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado, incansável na luta pela manutenção do diploma, especialmente ao Jorge e a Marcinha, companheiros de tantas jornadas, e aos estudantes da Famecos, da Fabico, da Ulbra e de Santa Maria que se uniram nesta mobilização. E dedico também aos ministros do STF que têm nas mãos o futuro da informação qualificada, apurada e de uma sociedade democrática e transparente. E aos jornalistas que viraram as costas para as manifestações em favor da categoria.
(*) márcia fernanda peçanha martins
Marcadores: Colunas
2 Comentários:
Sei bem como te sentes, but...don´t cry.
Quanto a exigencia do diploma, quero te informar que vou abrir um Escritório de Advocacia, um Consultório Médico e de quebra vou me candidatar à vaga de Redator-Chefe na Zero Hora. Se der tempo, vou lecionar na Faculdade de Filosofia.
Bjooss!!
Ah, mto bom
Mas eu penso em fazer algo semelhante. Vou ser consultora de RH, que isso tb rende.
bjs
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