Inferno astral, tou fora (*)
Na profissão escolhida, sem nenhum arrependimento, mesmo diante de algumas maldades, sou vencedora. Jamais vencida. Passei por importantes jornais, assessorias e frees e hoje, resultado de uma doença crônica adquirida sei lá como, encontro-me em licença-saúde do Correio do Povo. Nestes dias infindáveis de sossego em casa, resolvi aperfeiçoar ou retomar alguns itens. Fiquei mais aplicada como mãe, dediquei-me um pouco à culinária, voltei a escrever poemas e vou para a “Antologia à Flor da Pele II”, virei assídua em livrarias e cinemas, retomei a militância sindical, cuido de dois cachorros e acabo de virar tia avó.
Só não comprei, ainda, uma casa no campo onde eu possa ficar do tamanho da paz e tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais. Mas já estou juntando as moedinhas. Aguardem. Então, no balanço de perdas e danos, posso dizer que sou feliz. E afirmo isso num período em que, tradicionalmente, a minha vida virava de pernas para o ar. Entrei, no dia 9, no período mensal que antecede o meu aniversário, o temido inferno astral, e nem tou aí. Não tenho medo do que possa ocorrer, não evito mais passar embaixo de escada, abano para gatos pretos e sei que estou protegida. Ou melhor, armada para a vida.
Ignoro totalmente como alcancei este estágio quase zen de felicidade. E, se soubesse a receita, ao contrário de outras vezes, iria distribuir de graça para todo o mundo. Quem sabe ao passear no Brique da Redenção, trocasse a militância pela panfleteação da receita! Ou pedisse espaço em um grande jornal para divulgá-la! E, claro que o povo aqui do Coletiva saberia antes de todos, com exclusividade. Mas não tenho. Defendo que é um somatório de acertos e encontros. Apenas atesto que detalhes tão pequenos de minha vida são coisas muito grandes e alimentam, nas doses suficientes, os meus momentos de felicidade.
Na plenitude destas gotas de felicidade, sei que nenhum inferno astral conseguirá me abalar. Tenho antídotos poderosos e não desço do salto. Nos 30 dias que precedem o meu aniversário de 40 e muitos anos, continuarei a minha saga de ser feliz. Porque cultivo amigos que dão sempre uma colheita farta. Porque eduquei uma filha que é um exemplo de pessoa, adolescente, cidadã e amiga. Porque procurei alternativas que não me levassem ao ócio durante a minha licença-saúde. Porque sei dos meus limites e dos meus desvarios. Porque compreendi que cada um dá apenas o que pode. Porque estou mais experiente. E “hoje, ando devagar, porque já tive pressa”.
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