Blog da Marcinha

Ao postar emoções, medos, sensações e utopias aqui, através de fotos, pensamentos, crônicas, artigos e poesias, entrego a vocês um pedaço enorme do meu coração, por vezes ferido, outras alerta ou contente. Use com moderação!

18 novembro, 2008

A continuação ou como tudo se seguiu

Sobrevivemos (*)(**)
Estranho começar uma crônica de forma tão clichê. Mas a emoção fala mais alto quando se trata de sentimentos. Parece que foi ontem. Tudo está vivo na memória. Uma gripe muito forte e persistente. A mãe saindo correndo contigo no meio da madrugada de segunda-feira para te levar ao hospital. E mais tarde, a internação na UTI. Os dias passando e a certeza de que não voltarias mais a distribuir carinhos e sorrisos para todos, pelo menos nesta encarnação. Um ano depois, tudo ainda é forte e pulsa como se estivéssemos esperando que nada tenha acontecido.
Deus do sol, levando luminosidade por onde passavas; amigo e irmão inseparável, a ponto de deixar os manos mais velhos (Sílvia, eu e Nando) inconsoláveis e órfãos; filho exemplar e insubstituível, abrindo uma saudade incurável na nossa mãe; dindo de todos que te veneram (não só a Mila e a Bibi, tuas afilhadas, mas também o Rafa, sobrinho), partiu uma segunda após o Dia das Mães de 2003.
A saudade corta e está sempre se intrometendo nos nossos sentimentos e as lágrimas não secam, desde o dia 12 de maio do ano passado, quando Luis Fernando Peçanha Martins, então com 37 anos, publicitário de renome no mercado e respeitado por todos, faleceu.
Luli no meio publicitário é lembrado até hoje. Sempre que é preciso se pensar no melhor espaço para determinada mídia, função que ele desempenhava com perfeição na Paim Comunicação. Sempre que o Grupo de Mídia, o qual ele foi um dos incentivadores de sua retomada, se reúne. Sempre que é preciso uma solução urgente para um anunciante nervoso. Ou quando seus colegas da Paim saem para almoçar na Torta de Sorvete e lembram que precisavam espera-lo porque ele tinha ainda mil coisas para terminar. Um nome sempre em evidência no mercado publicitário seja pela sua carreira meteórica e eficiente, pela sua mania de perfeição, pelos afetos que distribuía ou seu jeito meigo de resolver as coisas.
Dedé ou Dédi para os familiares é insubstituível. Muita coisa mudou. Não existem mais almoços de domingos, nem e-mails de bom dia inundando a minha caixa de mensagens, nem os telefonemas de noite para saber da mãe, nem os passeios com as afilhadas, nem o afeto mais profundo que sempre demonstrastes pelo mano Nando e a cunhada Flávia ou a eterna preocupação com a Sílvia.
Mas a família tenta manter-se unida, principalmente, porque sabíamos que esse era o teu desejo. Vivemos um luto permanente, alternando dias mais tristes com menos tristes. A alegria, definitivamente, deixou de ser nossa inquilina. E até mesmo a brejeirice dos nove anos de Gabriela cala-se com muita freqüência pensando em ti. Sobrevivemos porque sabemos que partiste sem dor, sem sofrimento, em paz. Porque sabemos que anjos da guarda, como tu, permanecem sempre nos olhando. E, principalmente, porque acreditamos que um dia iremos todos nos encontrar.
(*) esta saiu um ano após, em maio de 2004, já no site www.coletiva.net, onde eu publicado esporadicamente alguns artigos

(**)Márcia Fernanda Peçanha Martins, jornalista, irmã de Luis Fernando Peçanha Martins,Luli ou Dédi, falecido no dia 12 de maio de 2003. assim foi assinado na época

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