Os carinhos e lambidas do cão mais dengoso do mundo (*) (**)
O despertar da cama bem cedinho na manhã de terça-feira, com o objetivo de cumprir compromisso médico mensal, foi, como sempre faço, acompanhado de um bom dia animado para o cão da raça shih tzu, que desde 2007 habita o pequeno apartamento comigo e a filha Gabriela. O canino Dalai esparramado no sofá da sala adora o chamego, se torce todo desarrumando a manta que encobre o móvel e deixa escapar uma mistura de grunhido e latido. É a forma que o cachorro encontra, invariavelmente, há 10 anos de mostrar sua alegria com a atenção recebida, de demonstrar felicidade por ser lembrado sempre, de explicar que adora ser paparicado.
A visita ao médico não demora muito e percebo que preciso retornar para o apartamento a fim de buscar o cartão do banco que havia retirado da bolsa um dia antes. Menos de duas horas da minha primeira saída e quando a chave faz barulho para abrir a fechadura da casa, o cachorro começa a latir esfuziante e me recebe como se eu tivesse ficado mais de 30 dias ausente. Imediatamente, ele sobe no braço do sofá, na sua posição preferida, para esperar os carinhos que habitualmente lhe dispenso quando chego da rua. Mas a alegria do cão é tanta que eu penso mesmo que me ausentei por um longo tempo, para motivar assim tamanha saudade.
Mais tarde, ao voltar novamente da rua, sou outra vez recebida de uma maneira como se tivesse ficado um tempo inexplicável fora. Meses e meses de ausência. O peludo corre de um lado para o outro da casa, parece ligado numa tomada, pega todos os brinquedos que enfeitam o seu puff de estimação e espalha no chão da sala para que eu jogue e o estimule a pegá-los. Apesar de estar com o tempo programado para realizar diversas outras atividades na rua, decido dispensar alguns minutos para retribuir a euforia do Dalai e deixar sua energia ser gasta um pouco.
Depois de encerrar os compromissos na rua, a terça-feira chuvosa e com cor cinzenta, me convida a fazer preguiça esticada no sofá da sala, lendo, ouvindo música, vendo filmes na sessão da tarde. Pois é só me acomodar que o canino se ajeita perto do meu corpo, se aninha e se esparrama ao meu lado para me acompanhar no ócio. E não tem jeito do cachorro sair e me abandonar. Pode ter barulho no corredor, pode o celular dar sinal de vida, pode eu me virar mais de uma vez para mudar de posição que ele não se mexe. É meu companheiro. Meu mais fiel aliado. Meu mais carinhoso cão. De todos os que eu já tive. E foram muitos. De diversas raças e vira-latas. Nos mais diversos lugares onde já morei.
Dalai é, sem dúvida, o cão mais que carinhoso e afetuoso que conheço. Dalai se constitui, com a maior convicção, no companheiro mais leal que existe no habitat animal. Dalai é, com certeza, o canino mais devotado as suas donas (eu e a filha Gabriela fazemos questão de dividir esta parceria). Confesso que não imagino viver sem os carinhos e as lambidas do cão mais dengoso do mundo.
(*) márcia fernanda peçanha martins
(**) publicado originalmente no site www.coletiva.net
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