A mutação de Gabriela
Convido-te para passear
e recordo fatos da tua infância,
fazemos turismo de lembrança.
Senta na frente, na janela
que o roteiro tem belas imagens
e teu olhar guardará as paisagens.
Se possível, reclina o banco
para recostar o corpo já maduro
e ouvir o lado bonito e o obscuro.
Vou te apresentar a morada
em que ensaiaste o engatinhar
e aprendeste a balbuciar, falar.
Cruzaremos pela rua da creche
e te lembrarei da canção de natal,
da Prof.ª Denise, da água no quintal.
Não poderei te poupar ou calar
diante da primeira lágrima caída,
do tombo, da noite mal dormida.
Nem vedar ou mesmo silenciar
na tua mente as inúmeras discussões
e os gritos que encerram as relações.
Criança sapeca. Trejeito interrogador.
Nem tudo eu posso contar colorido.
Nem tudo teve o rumo bem definido.
Menina bonita. De olhar claro esperto.
Os dias cresceram. Não teve mais jeito.
Nessa parada, pode chorar no meu peito.
Adolescente em formação. Em inquisição.
Agora o nosso passado é mais eterno
e o futuro é um vizinho aqui perto.
márcia fernanda peçanha martins
Marcadores: Poemas
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