Tantas luas (*)
A lua daquele tamanho
parecia que minguava
para longe, no infinito.
E o meu olhar estranho
tão sem jeito desviava
para o lado, esquisito.
E a lua, num arreganho
ficou cheia de coragem
e deflagrou o conflito.
De olhar muito castanho
levei outros na viagem
como a cumprir um rito.
Cuidando do seu rebanho
a lua cresceu na imagem
e se firmou no erudito.
E o corpo num só assanho
abriu-se em hospedagem
e aninhou moço bonito.
E quando saiu do banho,
a lua em nova embalagem
se postou com gabarito.
E eu, num gesto tacanho
não aproveitei a vantagem
e me acusei do delito.
Agora, com o round ganho
a lua presta homenagem
como seu último quesito.
E eu já nem mesmo apanho
por ceder a tal chantagem
e lhe dar apoio irrestrito.
E por pura camaradagem
calando meu grito aflito
me introduz na malandragem.
Para grudar como tatuagem
ao sinal de um só apito
a lua abusa da camuflagem.
Tendo o céu como passagem
a lua míngua no azul bendito
e se enche na amostragem.
Que é prá guardar a mensagem
da lua crescente sem atrito
que é a nova de um favorito.
(*) márcia fernanda peçanha martins
Marcadores: Poemas
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