Preconceito (*) (**)

Mande seu preconceito
embora e tranque as portas
para que ele jamais retorne.
Ninguém tem o direito
de analisar, reprimir ou criticar
a forma de cada um amar.
Largue seu julgamento
e sorria, incentive e aplauda
sempre que o amor nascer
e triunfar de qualquer jeito.

(*) 17 de maio, Dia Mundial de Combate à LGBTfobia

(**) márcia fernanda peçanha martins

O princípe (*)

Caminhei desnorteada
pelos becos, ruas e avenidas.
Foi uma procura inútil
em canto algum te encontrei.
Mas insisti tresloucada.
E inventei outros caminhos
para percorrer novas trilhas
e em trajeto algum te encontrei.
Ainda nada convencida
fui pé em pé devagarinho
e percorri milhas e milhas
e em destino algum te encontrei.
Após dias e dias de jornada,
depois de noites e noites insones,
finalmente desisti de tal busca.
Meu princípe é tão encantado,
um ser em derradeira extinção
que  foge de cenários reais
e até da fantasia ele some.

(*) márcia fernanda peçanha martins

O poeta (*)

Na sua solidão, o poeta
imerge nas recordações
de chegadas e partidas.
Descreve nos seus versos
o começo das paixões
e chora nas despedidas.
Faz rimas de amor e dor
e ignora o peso das emoções
que aparecem despidas
no final de cada frase
ao encerrar mais que o poema
e contar vidas determinadas.


(*) márcia fernanda peçanha martins

Goles de aguardente (*)

Dilacerante a dor que no meu peito
se instala sempre no final de cada dia
e me acompanha até o adormecer.
E sem encontrar nenhum outro jeito
estaciono meu corpo no primeiro bar
onde busco parcerias para o sofrer.
Num ato derradeiro e sem preconceito
entorno goles e goles da aguardente
mais barata e com forte cheiro de garapa.
Nada adianta. Sinto um ar putrefeito.
A dor permanece, insiste, resiste e
não cede aos delírios do teor alcoólico.

(*) márcia fernanda peçanha martins