Blog da Marcinha

Ao postar emoções, medos, sensações e utopias aqui, através de fotos, pensamentos, crônicas, artigos e poesias, entrego a vocês um pedaço enorme do meu coração, por vezes ferido, outras alerta ou contente. Use com moderação!

22 abril, 2009

E-Books da Poemas à Flor da Pele

A Comunidade Poemas à Flor da Pele, nascida no Orkut e com mais de 1900 membros, comemora, no dia 29 de abril, seu terceiro ano virtual. Um dos presentes que preparou foi a confecção de 3 E-Books contendo mais de 100 poemas sobre o tema ARREBATAMENTOS. Como se trata de um trabalho eletrônico, pedimos a leitura e a divulgação
Vale a pena



Segue o link onde estão os 3 trabalhos

VOLUME I
VOLUME II
VOLUME III

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19 abril, 2009

À flor da pele (*) (**)


Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar, que teu olhar flor na janela me faz morrer, que meu desejo se confunde com a vontade de não ser, que a minha pele tem o fogo do juízo final. No sábado à noite, depois de chorar vendo uma cena da Belíssima e de me torcer de tanto rir ao ouvir uma pergunta sobre o tamanho do membro do homem no programa Saia Justa, passei a cantar, baixinho, para não ferir os ouvidos alheios, a música acima. Denominada de Vapor Barato, na voz mansa e suave do Zeca Baleiro, a melodia parecia sob medida para o meu momento. Quase um ensaio biográfico.

Sempre fui assim um pouco “manteiga derretida”, e quem nunca ouviu essa expressão que atire a primeira pedra. Quer dizer, uma pessoa que chora à toa, derrama lágrimas em exaustão, deixa sempre a emoção fluir em forma dos pingos que caem dos olhos. Está sempre à flor da pele. Desde pequena. Na rua da zona sul, onde passei parte de minha infância/adolescência, chorava porque sempre era escolhida a “Miss Simpatia” no concurso com as amigas ou porque tinha que fazer a filha rebelde nas peças de teatro. Mais tarde, fui a maior consumidora de lenços de papel para enxugar lágrimas de amores não correspondidos.

No meu primeiro emprego, já adulta (ai, que mico), chorei inconsolavelmente porque o Editor de Economia tinha implicância comigo e malhava meus textos. Fiquei lá uns três anos e fui para um jornal de circulação maior. Até que, inspirada por Vivian Leigh, encarnei uma Scarlett O’Hara e jurei nunca mais chorar em emprego enquanto me chamasse Márcia Martins. Simples. Troquei de emprego e passei a assinar o nome inteiro, mais chique e fashion: Márcia Fernanda Peçanha Martins. A troca deu tão certo que ex colegas da Famecos ao ler meus textos no Coletiva, mandam e-mail perguntando se sou a mesma.

De volta à música que me persegue e ao ânimo dos últimos dias, tenho me sentido um barco sem porto, sem vela, cavalo sem sela, um bicho solto, um cão sem dono. Às vezes choro muito e outras dou gargalhadas gostosas. Foi o que ocorreu nesta terça-feira quase cinzenta na minha Porto Alegre de pautas muito oficiais. Até chegar ao destino da primeira pauta, perto da Estrada da Serraria, dei gaitadas de tanto rir com as histórias do motorista e do fotógrafo cantando e batucando no carro. Para cumprir a pauta, deixei a palhaça no carro e anotei com seriedade no meu bloco tudo que devia.

No caminho para a segunda pauta, tentei engatar um assunto sério, mas foi inviável. Continuei no clima e não deixei de rir. Pelo menos para o consumo externo. Porque enquanto o carro rodava e rodava para encontrar a obra da pauta naquele morro sujo e cheio de casas caindo aos pedaços, eu pensava na minha roupa engomada, minha calça preta, meu blazer de general e minhas mãos cheias de anéis. Um contraste com a realidade dos moradores. Um povo que mal consegue estender para secar a única peça de roupa decente porque não tem água encanada. E o cartaz, cheio de erros, avisa que tem festa a R$ 1,00 no bar do Paulo à noite.

Com pressa, que ainda queria assistir uma palestra sobre a economia brasileira atual antes de dirigir-me para meu “lar doce lar” para assumir a minha quarta jornada, troquei umas letras enquanto redigia, o que foi motivo para uma nova sessão de gargalhadas. Um som esquisito demais que saiu de um celular de alguém não identificado na Redação e um comentário malicioso feito com a amiga ao lado e mais risadas. Será que tudo isso já é uma antecipação do meu inferno astral. Ai, Deus me livre de um período assim tão longo protagonizado pelo demo.

O medo do quase assalto da noite anterior (santo protetor dos malucos e oprimidos esteve ao meu lado e me amparou quando eu chutei as canelas do assaltante e desci a lomba correndo) me aconselhou a pegar um táxi. No curto caminho até a minha casa, quando imaginei que iria descansar um pouco da agitação do dia, o motorista não fechou a matraca um só minuto. E, irremediavelmente, terminei rindo das histórias dele. Ao abrir a porta do apartamento, o cenário permitia ataques de choro e de riso intercalados. Louça para lavar, roupa para colocar na máquina, correspondência para abrir, contas para priorizar o pagamento, determinar a comida do outro dia, recados na secretária eletrônica, olhar e-mails, saber como foi o dia de minha mãe e esperar Gabriela, afoita com suas novidades.

Oh, sim, eu fiquei tão cansada, mas não prá dizer que eu não acredito mais em nada. Não é inferno astral, nem descompasso, nem desânimo, nem pagamento de dívida de vidas passadas, nem loucura assumida, que louco que é louco não avisa, ou sobrecarga de trabalho. É a vida que ainda pulsa. É o amor que ainda vive. É o amanhã que ainda me espera. É o olhar que ainda enxerga toda a realidade. É que ainda estou à flor da pele.

(*) márcia fernanda peçanha martins
(**) publicada originalmente no site http://www.coletiva.net/ no dia 26/abril de 2006 e por isso, fala da novela Belissima e do tempo em que não estava licenciada do Correio do Povo

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18 abril, 2009

Afinando Palavras


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Desconexos (*)

De onde vem este homem
que me amacia com a voz
e incendeia com um olhar
Com o jeito de abordagem
pouco humano e tão atroz
que chega até a assustar
Ele exala um perfume barato
e hálito forte de aguardente
É uma decisão de campeonato
ou um campeão decadente
É o meu lado mais insensato
e meu pensamento divergente
Por ele, eu amasso e arrebato
mostro-me e fico no anonimato
Seu corpo atraente e dolente
sua boca amarga e indecente
invadem-me violentamente
E depois, num total desacato
joga-me na cama desarrumada
e cala o meu tesão urgente
Ao fim, incessante e insistente
renova o nosso contrato
e diz que é meu namorado



(*) márcia fernanda peçanha martins

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17 abril, 2009

Desejo (*)


Um toque sutil no corpo
para despertar do ócio sexual
e reviver o que era morto
Carícias e beijos selvagens
me fazem uma mulher sensual
e apta a todas vadiagens
Moço bonito se aproxime
e faça em mim um carnaval
ou pague pelo seu crime
de não calar com um beijo
meu desejo à flor da pele

(*) márcia fernanda peçanha martins

Dança das palavras (*)


Os dedos dançam
no computador
ao som do teclado.
Os versos enlaçam
rimas de um amor
mais que excitado.
Emoções externasf
ormam um poema
lindo e apaixonado.
Nas linhas eternas
sem acento e trema
afino frases, vírgulas
e palavras tão ternas.

(*) márcia fernanda peçanha martins

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16 abril, 2009

Beijos (*)

Beijo roubado
tem gosto de pecado
de um amor escandaloso
Beijo afobado
vem de alguém acuado
e nem sempre é gostoso
Beijo nervoso
é um gesto tão inesperado
que se mostra receoso
Beijo fraterno
é melhor que um abraço
e sossega o seu cansaço

Beijo terno
é mais que uma declaração
capaz de tirar a razão
Beijo de amigo
é carinho, é porto seguro
de ter alguém no futuro
Beijo de namorado
nem se deve comentar
prá inveja não despertar
Beijo de amante
leva ao inferno e paraíso
e eterniza o sorriso
Beijo de tesão
explode as estruturas
e derruba a criatura


(*) márcia fernanda peçanha martins

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03 abril, 2009

Em homenagem aos três anos da Poemas à Flor da Pele

Outono à flor da pele (*)

a folha envelhecida
soprou pela janela
o eco do vento
e a vida já vencida
desnuda de cautela
se fez de acalento
quem viu na torcida
ficou de sentinela
como um passatempo
à flor da pele


(*) márcia fernanda peçanha martins

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No woman no cry (*)


Fala sério! Nem sempre seus dias são coloridos! O mês é sempre maior que o seu salário? O preço do remédio aumentou de novo? Sua filha adolescente não liga mais para você, mas passa maior a parte do tempo ligando para as amigas e as contas do telefone fixo e móvel atestam a disparidade? O cano do banheiro estourou e o orçamento e a bagunça prometem estourar a sua paciência? E até o time do coração decepciona e empaca no Gauchão? Você é totalmente maluco (a) - perdão leitor (a) se sou muito ríspida – e pegou um novo cachorro para cuidar? Não desista. Tudo, tudo, tudo vai dar pé.

Como já dizia Gilberto Gil, em 1980, na versão em português de “No Woman, no Cry”, sucesso de Bob Marley & The Wailers, canção que trouxe a influência musical do reggae para o Brasil e embalou muita festa dos anos 80. “Não, não chores mais, menina não chore assim... Melhor é deixar prá trás... Eu sei a barra de viver, mas se Deus quiser...”. Então, antes de arrancar os fios de cabelo de raiva e mandar aquele chato que sempre puxa conversa no elevador praquele lugar que rima com mil, lembre-se de você e seus amigos, sentados ali na grama do aterro sob o sol.

Não sou uma boba alegre. Nem a velhinha de Taubaté. Devo admitir, no entanto, que uma ou duas daquelas situações citadas lá no início, podem ser biográficas. Mas como ainda tenho o péssimo hábito de acreditar nas decisões dos homens de fé, boa vontade e caráter, comecei a quarta-feira cantalorando “No Woman...”. Ou talvez porque escreva a coluna para ser publicada no dia 1º de abril, data destinada à brincadeira da mentira, e quando o STF deverá iniciar o julgamento da obrigatoriedade do diploma de curso superior específico para exercer a profissão de jornalista.

A necessidade do diploma me fez lembrar a Saudosa Maloca, a minha turma da Famecos, faculdade de comunicação da PUCRS. Principalmente os amigos e amigas que escolheram como especialização o jornalismo, e estudaram quatro anos ou mais, dependendo do rendimento de cada um, financeiro e acadêmico, a fim de conseguir o diploma de Ensino Superior. Nas festinhas da Saudosa, uma das músicas que cantávamos era “No Woman...”. Os guris de cabelos compridos e desalinhados e as gurias de saias coloridas e cheias de miçangas, “o grito da moda”.

Misturei, no liquidificador, os ingredientes do passado, do presente e de algum futuro, estampado no ventre da sobrinha e afilhada Camila, que comemora 22 anos e prepara a chegada da Lohana, e percebi que tudo, tudo, tudo vai dar pé. Até que me provem o contrário. Enquanto isso, vez ou outra, fico observando hipócritas, disfarçados, rondando ao redor.

Hoje, dedico a coluna à Camila, à Saudosa Maloca, ao Gilberto Gil, à diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado, incansável na luta pela manutenção do diploma, especialmente ao Jorge e a Marcinha, companheiros de tantas jornadas, e aos estudantes da Famecos, da Fabico, da Ulbra e de Santa Maria que se uniram nesta mobilização. E dedico também aos ministros do STF que têm nas mãos o futuro da informação qualificada, apurada e de uma sociedade democrática e transparente. E aos jornalistas que viraram as costas para as manifestações em favor da categoria.

(*) márcia fernanda peçanha martins

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02 abril, 2009

Desejo

Um toque sutil no corpo
para despertar do ócio sexual
e reviver o que era morto
Carícias e beijos selvagens
me fazem uma mulher sensual
e apta a todas vadiagens
Moço bonito se aproxime
e faça em mim um carnaval
ou pague pelo seu crime
de não calar com um beijo
meu desejo à flor da pele

(*) márcia fernanda peçanha martins

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