Blog da Marcinha

Ao postar emoções, medos, sensações e utopias aqui, através de fotos, pensamentos, crônicas, artigos e poesias, entrego a vocês um pedaço enorme do meu coração, por vezes ferido, outras alerta ou contente. Use com moderação!

26 fevereiro, 2009

Em defesa da profissão (*)


Campanha em defesa do diploma
prepara Operação Volta às Aulas
Na expectativa do julgamento do recurso que questiona a exigência do diploma como requisito para o exercício do Jornalismo no Supremo Tribunal Federal (STF), a Coordenação da Campanha em Defesa do Diploma prepara a “Operação Volta às Aulas”. Entre as orientações aos integrantes do movimento prossegue a de sensibilização da sociedade também no período do carnaval. A ampliação do debate na sociedade sobre a importância da exigência do diploma para qualificar o exercício do Jornalismo é preocupação constante da Coordenação Nacional da Campanha. “Com a iminência da votação no STF é fundamental que continuemos promovendo atividades para divulgar nosso movimento e buscar mais apoios, agora especialmente nas escolas, pois estamos em período de volta às aulas”, destaca Valci Zuculoto, diretora da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e integrante da Coordenação.

Valci relembra que uma das orientações é de que os apoiadores da campanha busquem contato com os diretores e coordenadores dos cursos de Comunicação/Jornalismo, como também com as entidades representativas dos estudantes, para realizarem promoções conjuntas como palestras, debates e aulas inaugurais neste início de ano letivo. Para fortalecer o movimento estão sendo produzidas novas peças da campanha que serão distribuídas nas próximas semanas. As ações de sensibilização para a importância da manutenção do diploma como requisito para o exercício da profissão devem incluir, também, o calendário carnavalesco. “Em estados como os do Amazonas, Ceará e Alagoas, os blocos de jornalistas que participaram de eventos de pré-carnaval aliaram a campanha em defesa do diploma ao clima de descontração do Carnaval”, diz a diretora da FENAJ.

Continuar promovendo lançamentos e debates sobre a obra “Formação Superior em Jornalismo – Uma exigência que interessa à sociedade”, colocá-la para venda na internet e em livrarias, estimular a postagem de apoios no site da FENAJ e o envio de mensagens aos ministros do STF são, também, ações recomendadas pela Coordenação da campanha. Para acessar peças do movimento, clique
aqui. A Executiva da FENAJ e a Coordenação Nacional da Campanha preparam a organização de manifestações e Dias Nacionais de Luta. O calendário será divulgado em breve.

(*) publicado no site da FENAJ

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17 fevereiro, 2009

Tantas luas (*)

A lua daquele tamanho
parecia que minguava
para longe, no infinito.
E o meu olhar estranho
tão sem jeito desviava
para o lado, esquisito.

E a lua, num arreganho
ficou cheia de coragem
e deflagrou o conflito.
De olhar muito castanho
levei outros na viagem
como a cumprir um rito.


Cuidando do seu rebanho
a lua cresceu na imagem
e se firmou no erudito.
E o corpo num só assanho
abriu-se em hospedagem
e aninhou moço bonito.

E quando saiu do banho,
a lua em nova embalagem
se postou com gabarito.
E eu, num gesto tacanho
não aproveitei a vantagem
e me acusei do delito.

Agora, com o round ganho
a lua presta homenagem
como seu último quesito.
E eu já nem mesmo apanho
por ceder a tal chantagem
e lhe dar apoio irrestrito.

E por pura camaradagem
calando meu grito aflito
me introduz na malandragem.
Para grudar como tatuagem
ao sinal de um só apito
a lua abusa da camuflagem.

Tendo o céu como passagem
a lua míngua no azul bendito
e se enche na amostragem.
Que é prá guardar a mensagem
da lua crescente sem atrito
que é a nova de um favorito.


(*) márcia fernanda peçanha martins

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Os heróis que você não vê (*)

Há algum tempo, escrevi no Coletiva, a coluna intitulada “Meus heróis... (com acento na época) morreram de overdose”, cujo tema central era um email enviado por uma colega da minha turma da Famecos, a Saudosa Maloca, criticando o jornalista Pedro Bial, da TV Globo, por se referir aos confinados da casa do BBB como “nossos herois”. E, no final, instigada com o email, reforçava a indagação: mas afinal, quem são os nossos herois. Desde lá, convivo diariamente com a cruel pergunta que não quer calar, pelo menos enquanto não receber uma resposta à altura da definição de heroi.
Apenas para não mergulhar no mofo dos livros de história, o que ampliaria significativamente uma possível lista de herois, penso nos incontáveis cidadãos brasileiros que mereceriam tal classificação. Para não suscitar maiores polêmicas, como na coluna anteriormente citada, descarto os políticos, os meus herois cantores que morreram de overdose de vida e celebridades nacionais. E a lista fica imensurável. E nenhum deles recebeu algum tipo de regalia, como os brothers globalizados, que deixam a casa mais vigiada do País, com prêmios invejáveis dados pelos patrocinadores.

O José, sem sobrenome, porque não importa, sobrevive mensalmente à custa de um salário mínimo, com aumento real desde o Governo Lula, mas, ainda, com valor irreal para as necessidades dele, da mulher, empregada diarista, e dos quatro filhos. Mas, seu José vive, alimenta como pode seus rebentos, e não se importa de não ser chamado de heroi. O casebre ocupado ilegalmente e quem sabe até em área de risco jamais será observado pelos milhões e milhões de telespectadores que assistem aos programas da Rede Globo. Talvez, se a casa for arrastada por alguma chuva, ele apareça salvando alguns móveis. E só.

Nem será chamada de heroína a mãe que madruga nas filas do Posto de Saúde tentando conseguir um atendimento medido gratuito, dever do Estado, e me refiro à esfera de poder, para um dos filhos adoentado há meses. Mas, se o filho desta brasileira falecer pela falta ou demora de atendimento em qualquer hospital público onde lhe foi negado abrigo, pode ser que ela ganhe uma nota nos jornais ou um minuto no noticiário da TV. As suas noites sem dormir para cuidar do filho enfermo ou as romarias nas madrugadas nos postos de saúde não são observados pelos brasileiros. Não passa na sua telinha de TV.

E poderia escrever muitos exemplos de herois que fazem a vida do Brasil que você não vê na TV. Mas seria desnecessário porque muito já foi dito, escrito e comentado sobre a inutilidade e futilidade de programas como o BBB, importado pela Globo de algum país e com as devidas adaptações para o público brasileiro, homens e mulheres seminuas, casais fazendo sexo sob os edredons e aulas de ignorância no horário nobre. E alguém até poderá dizer: “mas é só trocar o canal, ninguém é obrigado a assistir”. Com certeza. Só que no mínimo, a TV aberta é uma concessão pública e daí, a conversa então seria interminável.

Palavra de gaúcha que não voltaria no assunto se a minha filha não fosse uma telespectadora (sim, eu falhei, porque nem sempre se consegue passar só coisas boas a nossa prole) do BBB. E, se na noite do paredão de terça-feira, um comentário do Bial não tivesse me afastado do computador onde revisava alguns poemas. O jornalista, de competência profissional reconhecida, discorreu sobre as críticas que vinha recebendo ao tratar os moradores da casa como herois. E usou um único conceito de um dicionário para definir o que é ser heroi, comparando os confinados a um jogador de futebol da Seleção.

Aí não dá prá ser feliz né? No Michaelis, um dos mais modernos dicionários da Língua Portuguesa, nem com outra conotação, como ele sugeriu, as definições chegam perto do que fazem os brothers. Algumas. Homem que se distingue por coragem extraordinária na guerra ou diante de qualquer perigo; elevado a semideus após a morte, pelos serviços prestados à humanidade; que suporta exemplarmente um destino incomum; que arrisca sua vida pelo seu dever ou do próximo; personagem central em uma ação ou evento notável; protagonista de qualquer aventura histórica ou drama real.

Sei não. Acho que fiquei maluca ou ranzinza. Pensar que ouvi de um jornalista sério, um colega de profissão, que os confinados são herois sem que tenham lutado pelo bem coletivo, pela justiça social e pela igualdade entre todos. Ops, mais escondido no Michaelis diz que heroi é o indivíduo que, em determinado momento, atrai a atenção pública. Pelos números da votação da Rede Globo, no paredão da terça-feira (10/fevereiro), foram registrados mais de 30 milhões de votos. Bem, talvez meu partido seja mesmo um coração partido e as ilusões estejam todas perdidas.

(*) márcia fernanda peçanha martins

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07 fevereiro, 2009

Resistência (*)

Não fecho mais os olhos
e enfrento uma batalha
eterna
com o sobreviver.
Às vezes, eu me recolho
e atrás de uma muralha
interna
brinco de esconder.

Porque tem dias que dói
o corpo todo e a alma
hiberna
à procura de alimento.
Sempre o infeliz que rói
retorna e pede calma
na caverna
onde respiro o vento.

Nem sei com que perna
ainda vou me apoiar
fraterna
para depois eu renascer.
E no meio dessa baderna
uma luz irá apontar
a taberna
onde bebo prá esquecer.


(*) márcia fernanda peçanha martins

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A fantasia da minha memória (*)

Nem todos os dias e noites são iguais neste verão escaldante de Porto Alegre com tudo deserto em volta. Até porque as pessoas não são sempre as mesmas, passaram por fases evolutivas ou involutivas; trocaram de endereços, metas de vida ou de acompanhantes. E mesmo que as estórias de cada um apresentem uma tendência à repetição, o inesperado sempre poderá fazer uma surpresa. Introduzindo na cena um novo protagonista, quem sabe um novo heroi no BBB9, a casa mais observada do Brasil (cumã, que ausência de criatividade) ou uma pergunta fatal como quem matou Odete Roitman.

Até aí, nenhuma novidade e zero em teor de profundidade. Todos já estão comentando que o ano está passando depressa, falando do início do campeonato gaúcho, dos primeiros dias de Obama, dos novos vereadores e que novela! Mas, sabem aquela sensação pessimista que, às vezes, nos invade e se transforma em epidemia de tanto que coça? Pois é. Entrou sem convite, na metade de janeiro (não marquei o dia certo na agenda), sorrateira na minha vida, mergulhou na minha alma, bagunçou meu roupeiro, remexeu no meu passado, acordou minha família.

Desde então, nada ficou no lugar na minha suposta organização. E eu sou completamente neurótica sem minha metodologia (pelamordedeus, pequeno defeito). Virei de lado na cama para ver se o pensamento ruim não dominava os meus sonhos e nada. Lá, ele sorridente nos meus pesadelos. Troquei o trajeto das caminhadas saudáveis para enganar a nuvem de sombra que me acompanha nos dias alternados. Adiantou? O sol ilumina o percurso de todos, menos o meu, que segue escuro. Quem sabe variar um pouco a leitura? Esta tentativa ainda está em fase experimental porque recém me apropriei de várias opções literárias e a estatística não está disponível.

Apesar dos pesares, tenho segurado esta barra. Pode ser só uma impressão fatalista para interromper minha total afinidade e sucesso com os anos ímpares. Ou a perseguição subconsciente da pequena (mínima) ruga ao redor dos olhos que os cremes de rejuvenescimento não conseguiram reduzir. Talvez o medo de me enternecer demais com a chegada da sobrinha-neta no início de maio e permitir que eu reconheça, na filha da Camila, que tantas vezes acarinhei e fiz cafuné, passos remotos de inúmeras crianças que fui perdendo no inevitável amadurecimento que embrutece os adultos.

Como mãe chata de doer (o que pensava ser dedicação total maternal à filha única ganhou outra conotação), possa já sofrer antecipada a saudade da guria que minha Gabriela nem lembra que um dia foi. Ou uma melancolia pelas vezes em que não declarei em alto e bom som às pessoas que eu as amava demais da conta. Ou arrependimento pelos beijos que não dei. Tomara que seja apenas uma fantasia de Colombina abandonada pelo seu Arlequim, enciumado pelo amor do Pierrô, que escapuliu do baú das recordações. E, no final, deixe a avenida como mais uma desilusão de carnaval. E oxalá, abandone este corpo que não lhe pertence!
(*) márcia fernanda peçanha martins

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04 fevereiro, 2009

Prêmio


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02 fevereiro, 2009

Na estrada, à flor da pele (*)(**)

O suor escorrendo
fedido e atraente
oculto sobre a
camisa transparente.
O respirar ofegante
sussurrado na nuca
pouco descoberta
deixava-lhe maluca.
Não fugiu à arapuca
deitou-se ali no gramado
com todo o seu sexo
remexendo-se de lado.
Com a roupa amassada
refez o seu figurino
e retomou a estrada
com olhar à flor da pele

(*) márcia fernanda peçanha martins
(**)esta poesia tem uma importância grande para mim porque foi a terceira ou quarta que consegui formatar quase sozinha frequentando as aulinhas virtuais da Lenise Marques
e retomou a estrada
com olhar à flor da pele

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