Blog da Marcinha

Ao postar emoções, medos, sensações e utopias aqui, através de fotos, pensamentos, crônicas, artigos e poesias, entrego a vocês um pedaço enorme do meu coração, por vezes ferido, outras alerta ou contente. Use com moderação!

26 janeiro, 2010

Não (*)


Não deixe o sol fugir
para sair à procura
de uma nova paixão
As mais interessantes
não são divulgadas
Não pense em partir
para fazer a loucura
que manda o coração
As mais extravagantes
vivem nas fachadas
Não hesite em abrir
atalhos para aventura
e embarcar na ilusão
As viagens excitantes
escapam das ciladas
Não tente competir
com sua autocensura
e interromper o tesão
Os toques acariciantes
Esquentam madrugadas
Não aceite desistir
Enquanto existir ternura
alimentando a emoção
Os romances intrigantes
ultrapassam temporadas

(*) márcia fernanda peçanha martins

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Uma criança na minha vida (*)

Quando se imagina que já se conquistou tudo na vida e resistimos, bravamente, dia após dia, às encrencas emocionais, financeiras e de saúde impostas - e não existe nada de fatalismo nesta constatação – um personagem novo entra na novela e os capítulos do futuro começam a ser re-escritos. E, para manter a popularidade da nossa vida, antes com quedas inesperadas, é necessária a injeção de ânimo e vitamina no corpo e na mente. Habituada a dividir dias e noites com a minha rebenta, Gabriela, desde que optei por estar só, sem a companhia de um homem invadindo o meu cotidiano, calculei que o time estava completo.

Pelo menos a equipe humana. Por precaução de mãe de adolescente, separei um espaço na casa e no coração para o namorado de Gabriela e amizades que me conquistassem depois dos enta. O time animal que começou com o shih-tzu bipolar Dalai, hoje com dois anos, há um ano ganhou o reforço do Cocker Gandhi, um cachorro completamente ligado na tomada, talvez com transtorno de hiperatividade. E com a experiência de dois caninos totalmente elétricos, que se espremem no sofá disputando carinho, a promessa feita a Gabriela de que a turma animal não aumentaria.

E se acaso você, leitor-nauta, chegasse ao meu barraco, encontraria mãe e filha, acompanhadas dos caninos Dalai e Gandhi, vivendo de amor. Com toda a rotina organizada (que isto é a minha cara), quartos determinados, funções divididas, os armários tomados pelos alimentos comprados semanalmente somente para a subsistência do quarteto. Alguns aparelhos de lazer. Sem excessos e sem restrições. Apenas o necessário para viver.

Nos primeiros dias de dezembro, um pedido da sobrinha Camila para que eu cuidasse de sua filha, minha sobrinha-neta, Lohana, de oito meses, por um período temporário, alterou a minha vida toda esquematizada e planejada. Um dos exemplos do retrato da nova família brasileira, Camila, 22 anos, não mora com o pai da Lohana, e foi chamada às pressas para trabalhar. Sem tempo para fazer a adaptação em creche, deixa a pequena Lohana todas as manhãs na minha casa.

E eu me sinto ajudando outra vida a viver. Assim como penso que fiz com a Gabriela, e pretendo seguir nesta jornada, ainda que, ela com 15 anos, às vezes, dispense o meu auxílio. E quando ouço as risadas da Lohana ecoando pelo corredor, antes das 9 h, na sua chegada; quando ela me olha e parece entender o carinho que lhe deposito; quando ela chora e o meu afago maternal lhe acalma; quando canto para Lohana dormir, desafinadamente, as mesmas e antigas canções de ninar que embalaram os sonos infantis da Gabriela; e quando ela passeia pela casa acomodada em meus braços; redescubro a vida.

Mas não há nada mais reconfortante neste recomeçar com um novo ser do que ouvir de Gabriela uma afirmação que me emociona, porque é um atestado de que errei pouco na sua criação e um aval para continuar educando. Sempre que vê a pequena Lohana sossegar no meu colo, seja para dormir, brincar ou comer, a minha Gabriela diz; “mãe, tu nasceu para isto”.

(*) márcia fernanda peçanha martins

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20 janeiro, 2010

Pelo teu olhar (*)

Sei do congestionamento
do trânsito pelo teu olhar
que me ultrapassa raspando

Sei do teu aborrecimento
no trabalho pelo teu olhar
que me evita e fica rondando

Sei da falta de argumento
quando os olhos a piscar
indicam que há diferenças

Sei do desejo de acalento
quando os olhos a brilhar
necessitam de recompensas

Sei do lucro do investimento
financeiro pelo teu olhar
que se fecha registrando

Sei do aperto no orçamento
doméstico pelo teu olhar
que se omite disfarçando

Sei perceber teu atrevimento
quando os olhos me despem
e me invadem pacienciosos

Consigo adivinhar os momentos
que chegam e se despedem
pelos teus olhos impetuosos

(*) márcia fernanda peçanha martins

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O Brasil continua lindo...em 2010 (*)


O Brasil continua lindo. O Brasil continua sendo. O Brasil de janeiro, fevereiro e março. E todo o povo brasileiro, em qualquer parte do país, depois de muitos “abraços e carinhos e beijinhos sem ter fim” na virada do ano, sabe que tudo começa de novo, exatamente igual. Neste imenso território, 2010 estreou sob o signo da tragédia protagonizada pela chuva; da irresponsabilidade daqueles que destroçam famílias com a mistura de bebida e direção; da cegueira oportuna da sociedade aos que não tem teto, comida, educação, saúde e, ainda assim, festejam.

Mas, para não dizer que não falei de flores, o Brasil pisou em 2010 com o pé direito, porque teremos Copa do Mundo, promessa de shows internacionais da pesada, rodadas eletrizantes de jogos de futebol pelo campeonato nacional e Libertadores. Querem mais? Finalmente, vivemos em um país que vai pra frente, ainda que a grande mídia ignore este fato. Ou você leu em algum jornal que sob o comando do presidente Lula, a renda dos brasileiros aumentou, cresceu o número de trabalhadores formais e mais pessoas têm acesso à água potável, esgoto tratado e energia elétrica?

E, como vivemos eternamente no país do carnaval, delete os problemas urgentes, empurre com a barriga as encrencas econômicas, enalteça as nossas façanhas e vá levando. Porque tudo só começa mesmo na quarta-feira de cinzas. O final do carnaval. E depois do meio-dia. Também não é motivo para entusiasmo contagiante. Não haverá tempo para cansaço. O País vai funcionar em ritmo total em março, abril e maio. “Pera aí, mormão”, não inclui os feriados. Que em junho o povo tá instalado em suas casas, tomando uma cervejinha e comenda pipoca, nos dias de jogo do Brasil pela Copa do Mundo.

Sem querer ser muito pessimista ou otimista, dependendo o ângulo que se escolhe, o segundo semestre do ano novo corre o risco de ser devagar também. Sim, eleições nos aguardam e muita promessa boa de campanha, conforme reza o manual de redação dos jornais, engordado com a tal carta de ética, uma vez que é eleito o candidato da casa (ah, isto não existe...) passa a ser definida como desejo do governante. Num balanço sobre segurança da década que não acabou, o leitor descobriu que a governadora Yeda Crusius não conseguiu, mas tentará, realizar o seu desejo de campanha. Valha-me Deus Nosso Senhor do Bom fim.

Da série: pensei que 2010 seria diferente. Não cumpri o que PROMETI na última coluna no coletiva (aliás, que deveria ser a antepenúltima, mas me perdi). E troquei as prioridades, nos primeiros dias do ano, colocando o cinema antes do lazer em área verde. Entre os filmes que assisti, “Lula, o Filho do Brasil”, é a prova mais contundente de que este é um País de diferenças, de contrastes e de opinião e informação cada dia mais manipuladas. Sob a direção do cineasta Fábio Barreto, estreou, no primeiro dia do ano, e sem nenhum esforço calou os críticos de plantão que afirmavam se tratar de um filme eleitoreiro.


Por favor, descontem qualquer simpatia ou antipatia com o presidente Lula, com o PT, com movimentos políticos, associativos ou sindicatos. Pronto. O filme que diz no cartaz “... você sabe quem é este homem, mas não conhece a sua história...” não fala nos invejáveis indicadores de qualidade de vida do governo Lula; nenhuma cena mostra o sindicalista depois da famosa greve de 1979; e trata, por cima, do acidente que aleijou parte da mão esquerda. Não cita, não mostra, não insinua, não afirma absolutamente nada sobre os erros e acertos do presidente Lula nos seus dois mandatos.
É, em pleno 2010, o Brasil continua...

(*) márcia fernanda peçanha martins

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14 janeiro, 2010

Cativo (*)


Cative a minha alma
e aprenda a visitá-la
frequentemente
Entre nela com calma
nem pense em avisá-la
incoerentemente
Surpreenda as rotinas
que ainda me assustam
cotidianamente
Olhe sério nas retinas
Que ainda te desafiam
sedutoramente
Seja sempre convidado
das festas e encontros
inesperadamente
E no final, encabulado
das marcas e descontos
inocentemente
aceite ser meu namorado.


(*) márcia fernanda peçanha martins

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Amor intenso (*)


Desejo um amor intenso,
que dure a eternidade
e supere as divergências.
Pode me trazer um incenso
que cheire tranqüilidade,
e acalme outras ausências.
Espero alguém com senso
e que seja de verdade
um antídoto para carências.
Um amor muito extenso
e regado a fidelidade
durante a sua existência.

Márcia Fernanda Peçanha Martins

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