Blog da Marcinha

Ao postar emoções, medos, sensações e utopias aqui, através de fotos, pensamentos, crônicas, artigos e poesias, entrego a vocês um pedaço enorme do meu coração, por vezes ferido, outras alerta ou contente. Use com moderação!

14 janeiro, 2011

Versos à flor da pele (*)


Faço versos à flor da pele
porque sou toda emoção
e cada novo poema expele
uma batida do meu coração
No rimar mais que perfeito
desenho meu sonho futuro,
e sempre atrás deste conceito
enterro o presente prematuro.
Com a rima comum, passeio
pelos cenários antepassados
e num incomodo devaneio
troco os personagens errados.
Assim, nem sempre sou melodia
a enternecer as manhãs frias.
Ou aquela nota desafinada
a estragar todas as melodias.
Trago flores, escrevo versos
e a pele exposta ao universo


(*) márcia fernanda peçanha martins

Segredos (*)


Todo entardecer me traz medo
de não encontrar luz no amanhã
e ter descoberto o meu segredo
que teço tanto feito uma artesã.

E, este receio, me faz prisioneira
do tempo presente que não muda.
Por isso, gargalho e falo besteira
e me protejo com galho de arruda.

Assim, evito um novo entardecer
e enfrento a mesma pasmaceira
que prorroga o jeito de adormecer.

Sou, às vezes, uma cruel feiticeira,
e outras, a fada que me faz conviver
com este segredo sem endoidecer.

Porque é difícil não contar gritando
aos quatro ventos que só sou feliz
quando vido ao teu lado te amando


(*) márcia fernanda peçanha martins

11 janeiro, 2011

Nem sempre


Nem sempre foi a solidão
que me afastou da felicidade.
Às vezes, fugi por medo,
outras por total incapacidade
de alugar de novo o coração.

Nem sempre foi o passado
que me fixou no mesmo lugar.
Às vezes, foi pela ausência
do desejo simples de recomeçar
tudo com outro namorado.

Talvez tenha sido fraqueza
o que me congelou a reação.
Ou a memória de relacionamentos
impediu qualquer tipo de emoção
com o gosto recente de tristeza.

Agora, perambulo no vazio
de quem que se arrasta aborrecida
Às vezes, nem quero respirar
para não mais prolongar a vida
que desafia a beira do rio.


(*) márcia fernanda peçanha martins

Ano novo

O ano velho termina
e já um novo começa
com a mesma ladainha
e em ritmo de pressa.
Nada muda na rotina:
não se cumpre promessa
nem deixa a anfetamina
que cura a dor de cabeça.
O medo atrás da cortina,
a mala arrumada na peça,
os sentimentos na oficina
e o alimento na travessa.
Eu novamente concubina,
desejo pronto para a remessa
e a dor entra sem disciplina:
coloca o amor em compressa

(*) márcia fernanda peçanha martins

Que tudo se realize (*)


Mais um ano termina o seu reinado e com a troca de comando de 2010 para 2011 percebo que a minha lista de intenções e promessas acabou sendo apenas mais um conjunto de intenções e promessas. Quase nada fugiu da teoria para a prática. Talvez um item, nos primeiros quatro meses deste ano que se encerra, tenha tentado ser realidade. Para a maioria deles, no entanto, restou o meu mais profundo desprezo. Nem dediquei um tempo mínimo para checar na tal lista as prioridades e ver se existia alguma projeção, lá por setembro ou outubro, de investir na sua realização.


Por isto, quando os fogos anunciarem a chegada esperada e aguardada de 2011, pretendo ignorar conscientemente todas as mandingas que prometem sorte, amor, saúde e dinheiro. Depois de estourar o champanhe e abraçar calorosamente minha filha, não quero saber de comer lentilha, uvas, frutas secas e o diabo a quatro. Não usarei a cor do orixá que regerá o período e nem lingerie com o tom recomendado. E não existe nestas determinações nenhum ato de revolta, rebeldia ou a simples contrariedade que sempre me persegue.


Não serei adepta de listas de boas intenções porque não as cumpro mesmo. E sei perfeitamente as atitudes que necessito para escrever melhor meu ano. Não farei mandinga porque tenho amor na dose necessária e merecida, saúde sob controle severo, dinheiro para o alimento de todo o dia e sorte do tamanho certo. Todo e qualquer outro desejo terá o cheiro da ganância e será roubado de outro que poderá precisar mais. Sou adepta da tese: se melhorar estraga.


Mas, como uma colunista educada, posso desejar coisas simpáticas e meigas para os meus leitores em 2011. Que vocês continuem lendo a minha coluna aqui no site (hehehe). Que vocês tenham paciência com a nossa presidenta. E que concedam um voto de confiança ao governador eleito Tarso Genro. Que sempre digam a verdade e abusem das manifestações de afeto. Que nunca poupem momentos de carinho e que espalhem abraços entre amigos reais ou virtuais. Que comam apenas o suficiente e que bebam para comemorar com motivo. Que usem sempre a coragem, a prudência, a honestidade, a ternura e a sensatez.

Desejo para você, meu leitor, um amanhecer desenhado pelo sorriso fácil e solto de uma Gabriela, minha filha que me desperta toda manhã assim. Um dia intercalado com a conversa disparada e frenética de uma Gabriela, minha filha que sempre tem muito para contar, a qualquer hora. Uma tarde regada aos mimos de uma Gabriela, minha filha que me oferece cafezinho, cafunés e dorme no meu colo, enquanto assiste TV. Um anoitecer banhado pelo brilho de uma Gabriela, minha filha que adora namorar a lua. Um sonho interrompido pela voz de uma Gabriela, minha filha cheia de perguntas.


Para você, meus votos são de felicidades renovadas, em todos os dias de 2011, assim como eu as tenho, há 16 anos, desde que minha filha Gabriela nasceu. E que tudo se realize...

(*) márcia fernanda peçanha martins