Blog da Marcinha

Ao postar emoções, medos, sensações e utopias aqui, através de fotos, pensamentos, crônicas, artigos e poesias, entrego a vocês um pedaço enorme do meu coração, por vezes ferido, outras alerta ou contente. Use com moderação!

05 fevereiro, 2024

Ao meu lado (*)


No meu coração,
às vezes, juro escutar
os batimentos do teu
como se ao meu lado
tu ainda estivesses.
No meu planejamento,
teus palpites me invadem
e te incluo em muitas tarefas
como se ao meu lado
tu ainda estivesses.
Nas noites de insônia,
sinto tua voz a acalmar
as angústias e os medos
como se ao meu lado
tu ainda estivesses.
Ao despertar nas manhãs
preparo o café para dois
na temperatura do teu gosto
como se ao meu lado
tu ainda estivesses.
Será que partistes?
Será que voltarás?
Será que um dia,
mesmo que num futuro
bem distante, lá no horizonte,
me acostumarei com tua ausência?

(*) márcia fernanda peçanha martins

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Testamento (*)


Daqui eu só levo
o que traz alegria
e me faz evoluir.
Carrego sossego
muita paz e harmonia
para poder seguir.
Abraço as companhias
escolho meus abrigos
e o que me faz sorrir,
Afago meus amigos
seleciono os encontros
e quem irá persistir.
Beijo meus amores
nos bares, nos cantos
e onde a boca alcançar.
A vida é só uma
e essa é só minha.
Eu escrevo a história.
O que importa é o instante.

(*) márcia fernanda peçanha martins

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24 janeiro, 2024

Resquícios (*)

 

Há ainda o cheiro de
notas amadeiradas
do teu perfume.
A impregnar as roupas
no armário enfileiradas
de lembranças.
Há ainda aquele bilhete
com declaração de amor
nas folhas da agenda.
A marcar o início do
romance sem prefácio
sem enredo e legenda.
Há ainda teu sorriso
escancarado no retrato
que permanece na sala.
Há ainda em todos os cantos
da casa, do corpo, da vida
pedaços estilhaçados
da paixão que se acabou.

(*) márcia fernanda peçanha martins


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Cenário do sol (*)

 

Lá no horizonte
onde o sol se
esconde a cada
entardecer
descanso o olhar
de tanta desilusão.

Por mais que tente
não é possível
reduzir as dores e
nem esquecer
os dissabores do dia
e os golpes da paixão.

Displicentemente
relaxo o corpo
naquele cenário de
enternecer
e deixo que a imagem
leve qualquer peso
e me alivie para sempre
de quem nunca quis ser

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22 janeiro, 2024

Cheiros da primavera (*)



Este perfume singelo
de flores desabrochando
a saudar a primavera
é um bálsamo na rotina.
A brisa do vento fugaz
que estremece janelas
e desalinha meus cabelos
convida para os encontros.
Girassóis e margaridas,
incensos de madressilva,
um gim tônica ao entardecer,
um abraço afetuoso:
viver é sempre
o melhor exercício.

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Alma (*)


No entardecer
a minha alma cansada
cedeu ao crepúsculo
e deu-se ao desfrute
de nada mais querer
Sem lembranças
a alma deitou sossegada
entregou-se ao minuto
de ausência oportuna
da falta de esperanças
Desligou-se
Apagou tudo
Saiu do corpo falecido
à procura de vida.

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Amor sereno (*)

 

Teu abraço
é acolhimento
é encantamento
manhã de sol
nele eu me enlaço
Ao me envolver
esqueço de tudo
fico sem conteúdo
tarde de sossego
nela eu adormeço
Teu carinho
me afasta do tédio
é a dose do remédio
noite de surpresas
nele eu me aqueço
Ao me afagar
não há vida lá fora
não há sopro de vento
entrega desmedida
de um amor sereno.

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24 setembro, 2023

Sonho de amor (*)


Amanheci plena
do romance
que vivi no sonho.
E agarrei serena
aquela chance
de ser ao teu lado.
Às vezes, obscena
no final de cada cena
ou somente candura
esbanjando ternura.
Entardeci cansada
do romance
que ficou no sonho.
E sucumbi aos fatos
da cruel realidade
de seguir sozinha.
Anoiteci desesperança.
Nem leviana.
Nem santa.
Uma mulher só
bebendo doses
das lembranças
do amor que nunca foi.


(*) márcia fernanda peçanha martins



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14 setembro, 2023

É tarde (*)


Antes do encantamento
evaporar-se e de tudo
perder-se na rotina
eu devia ter confessado
que teu olhar me alcançava
nos cenários mais longes
que teu cheiro me embriagava
das memórias mais ternas
que teu corpo me envolvia
feito cobra rastejante
que tua mão me percorria
em todas as entranhas
que tua voz me acariciava
para ninar, gemer ou gritar
de acalanto, prazer ou medo
que tua vida se enlaçava
em todas as minhas páginas
que tua respiração se confundia
e se infiltrava na minha
e que teu destino estava traçado
para preencher meu vazio.
Agora é tarde!


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09 setembro, 2023

Recomeços (*)


 

Descanso o corpo
atirado no sofá de tecido rasgado
enquanto a mente viaja.
Embarca no avião
sangra os ares sem olhar o passado
e deixa que a vida reaja.
Enumero as metas
a riscar nas páginas do meu futuro
e sigo firme para um novo recomeço


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Pesadelos (*)


Noites interrompidas
por pesadelos tenebrosos.
Acordo, remexo na cama
e tento novamente dormir.
Quero adormecer serena,
tranquila e sem sobrecarregar
o travesseiro de problemas
para que nada além de sonhos
se intrometa nas lembranças
das manhãs ao despertar.


(*) márcia fernanda peçanha martins

 


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Não era para ser (*)

 

Se não era para ser
porque a troca de olhares
os segredos divididos
e o encontro dos corpos?
Se não era para ser
porque as juras eternas
as borboletas no estômago
e a vontade de ficar?
Se não era para ser
porque a cicatriz não cura
o coração segue disparado
e a paixao inflama?
Foi mesmo assim
com gosto amargo
com dor no peito
lágrimas de tristeza
e fim da eternidade.

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01 setembro, 2023

Pequeno romance (*)


 


Quando teu vulto se desenhou
caminhando longe no horizonte
eu já sabia que teus passos traziam
as melhores páginas da minha história.
E o mais lindo romance ali nasceu
produzindo eternos apaixonados
que não cansavam de se acarinhar
para gravar uma afetuosa memória.
O destino já estava predestinado
porque os corpos se encaixavam
e os pensamentos se encontravam
selando uma vida nada ilusória.


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Paixão de outono (*)


 


Um pingo desta chuva de outono
entrou sorrateiro pela janela aberta
que deixei esquecida naquele verão.
É assim sempre quando me apaixono
e permito minha vida ser descoberta
e preenchida nos vazios da emoção.
Desfaço-me da rotina de abandono
de quem antes parecia estar em oferta
para mergulhar nesta nova estação.
Que injeta melancolia no meu sono
e emudece os meus sinais de alerta
para me tornar um ser em ebulição.


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O tempo do destino (*)



O ar torna-se rarefeito
e tenta escancarar tudo
frestas, portas e janelas
é inútil, missão inglória.
Segue o punhal no peito
a apontar o rumo do futuro
sem contos de fadas e romances
capazes de mudar o final.
Sem medo ou preconceito
insisto em rever páginas
escritas em papéis do passado
mas a tentativa é em vão.
Persiste o cheiro suspeito
do fracasso, da derrota
de que já não há mais tempo
e o destino está escrito.


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O futuro (*)

 


Rasguei as páginas do passado
não quero saber do que não foi
ou produziu um sinal mal curado.
O presente caminha apressado
já que o hoje me instiga e cativa
deixando o meu dia ultrapassado.
E por isso, aposto no futuro ousado
com compromissos de felicidade
para valer a pena ter recomeçado.


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O corpo todo (*)




Mãos que se tocam
E se entrelaçam
Para se encontrar
São protagonistas
Braços que se roçam
E se acotovelam
Para se debruçar
São doces artistas
Pernas que se cruzam
E se acavalam
Para se enlaçar
São malabaristas
Línguas que se molham
E se acumulam
Para se provocar
São tão golpistas
Corpos que se juntam
E se movimentam
Para se perpetuar
São alquimistas
E tão calculistas
Na meta final

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No retrato da minha mãe (*)



Na última prateleira do armário da sala
teus braços abertos e levantados acenam
e as mãos oferecidas quase me alcançam,
mas apesar disso a tua ausência me cala.
No porta-retrato, tua alegria me embala
e do sorriso do lábio vermelho de batom
desenha-se a ternura no mais belo tom,
mas ainda assim um abismo se instala.
Ali, tua felicidade é emoção que exala
para confortar os filhos, acariciar os netos
e sem economizar amor a todos os afetos,
sinto como se estivesses agora tão presente
que jamais tu conseguirás ser só memória.


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No calor do abraço (*)


Neste abraço eu entrego
meus medos e inseguranças
e quando ele me entrelaça
parece que tudo desaparece
para renovar as esperanças.

No seu calor eu sossego
e expulso de vez as cobranças
para otimizar o relaxamento
porque é o momento de lembrar
das recordações de criança.

E quase vencida pelo sono
deposito ali doses de confiança
capazes de me manter um tempo
renovada, alimentada e energizada
para enfrentar novas andanças.


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Não me teste (*)

 


 

Por favor, tenha respeito.
Não me peça opiniões com coerência
quando você se afunda, mesmo avisada
e se perde na falta total de consciência.
Não confunda minha leveza
e por isso, evite testar minha paciência.
Pego muito pesado e nem levo desaforo
porque posso ter crises de inconveniência.
Se quer minha opinião, aceite.
Se quer mesmo sabe minha tendência,
leve em conta todos os meus argumentos,
Não vou alimentar a sua ambivalência.


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Na esquina (*)


 


Ali, ao dobrar a esquina,
perdi um pouco da alegria.
Do nada, ela se rebelou,
e me deixou assim vazia.
Foi atrás de sua sina,
de habitar um novo ser.
Talvez menos instável,
e vestindo outra fantasia.
Volto ali de vez em quando
e procuro, aguardo, acredito.
Mais de uma vez ao dia
nenhum resquício e nem
sombra da minha alegria.



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Epílogo (*)


 


Este pedaço de cacho moreno
que escapa dos cabelos alinhados
e se esparrama sobre meu colo
reaviva um passado obsceno.
De teu cheiro forte de veneno
movimentando os pelos eriçados
dos corpos deitados no solo
ao final do nosso sexo pleno.
Mas traz também um aceno
do futuro em traços demarcados
onde me ajeito e me enrolo
no epílogo do nosso romance pequeno.


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Dramas (*)


 


Vou tecendo pequenas tramas
que podem encurtar o caminho
da chegada até a felicidade.
Não é fácil. Encontro artimanhas
capazes de tumultuar o destino
mas persisto e sigo no rumo.
Às vezes, rolo em muitas camas
à procura de um amor e carinho
e a busca termina sem êxito.
Noutras, uso fantasias de damas
e fico comportada e perfeitinha
tentando enganar a mim mesma.
Assim, rascunho alguns dramas
como forma de disfarçar a rotina
e me fortalecer para novas etapas.


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A vida (*)



Espio curiosa pela janela
vejo uma mistura peculiar
de pássaros, árvores, ruídos
e carros em filas que buzinam
ignorando a proximidade do hospital.

Na diagonal uma parede amarela
e mais não me permito enxergar
tenho os pensamentos absorvidos
pelos dias que aqui ainda me restam
para ouvir que deu certo o tratamento.

Tudo é feito com muita cautela
a fim de acertar a dose do remédio
e para que meus medos adquiridos
sejam expulsos para fora da minha mente
porque o que se quer da vida é a vida.


(*) márcia fernanda peçanha martins


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O presente (*)

 


Não ando só
caminho acompanhada
de lembranças
de tudo que foi
e do que poderia ter sido
se fosse mais ousada

Tantas vezes
o medo me paralisou
o movimento inerte
impediu audácias
trancou projetos
e perdi o norte

Agora
meu alimento é o presente
minha rotina tão igual
sem fantasias
sem prospecções
e um silêncio fatal.


(*) márcia fernanda peçanha martins

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Dança do corpo (*)




O pelo levemente
roça a minha perna
eu desperto
e me entrego
despudoradamente.

Se a noite chegou
se o sol já raiou
se chove lá fora
não sei, não importa
perdi toda a noção
na dança do teu corpo.


(*) márcia fernanda peçanha martins

 


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