O Brasil continua lindo. O Brasil continua sendo. O Brasil de janeiro, fevereiro e março. E todo o povo brasileiro, em qualquer parte do país, depois de muitos “abraços e carinhos e beijinhos sem ter fim” na virada do ano, sabe que tudo começa de novo, exatamente igual. Neste imenso território, 2010 estreou sob o signo da tragédia protagonizada pela chuva; da irresponsabilidade daqueles que destroçam famílias com a mistura de bebida e direção; da cegueira oportuna da sociedade aos que não tem teto, comida, educação, saúde e, ainda assim, festejam.
Mas, para não dizer que não falei de flores, o Brasil pisou em 2010 com o pé direito, porque teremos Copa do Mundo, promessa de shows internacionais da pesada, rodadas eletrizantes de jogos de futebol pelo campeonato nacional e Libertadores. Querem mais? Finalmente, vivemos em um país que vai pra frente, ainda que a grande mídia ignore este fato. Ou você leu em algum jornal que sob o comando do presidente Lula, a renda dos brasileiros aumentou, cresceu o número de trabalhadores formais e mais pessoas têm acesso à água potável, esgoto tratado e energia elétrica?
E, como vivemos eternamente no país do carnaval, delete os problemas urgentes, empurre com a barriga as encrencas econômicas, enalteça as nossas façanhas e vá levando. Porque tudo só começa mesmo na quarta-feira de cinzas. O final do carnaval. E depois do meio-dia. Também não é motivo para entusiasmo contagiante. Não haverá tempo para cansaço. O País vai funcionar em ritmo total em março, abril e maio. “Pera aí, mormão”, não inclui os feriados. Que em junho o povo tá instalado em suas casas, tomando uma cervejinha e comenda pipoca, nos dias de jogo do Brasil pela Copa do Mundo.
Sem querer ser muito pessimista ou otimista, dependendo o ângulo que se escolhe, o segundo semestre do ano novo corre o risco de ser devagar também. Sim, eleições nos aguardam e muita promessa boa de campanha, conforme reza o manual de redação dos jornais, engordado com a tal carta de ética, uma vez que é eleito o candidato da casa (ah, isto não existe...) passa a ser definida como desejo do governante. Num balanço sobre segurança da década que não acabou, o leitor descobriu que a governadora Yeda Crusius não conseguiu, mas tentará, realizar o seu desejo de campanha. Valha-me Deus Nosso Senhor do Bom fim.
Da série: pensei que 2010 seria diferente. Não cumpri o que PROMETI na última coluna no coletiva (aliás, que deveria ser a antepenúltima, mas me perdi). E troquei as prioridades, nos primeiros dias do ano, colocando o cinema antes do lazer em área verde. Entre os filmes que assisti, “Lula, o Filho do Brasil”, é a prova mais contundente de que este é um País de diferenças, de contrastes e de opinião e informação cada dia mais manipuladas. Sob a direção do cineasta Fábio Barreto, estreou, no primeiro dia do ano, e sem nenhum esforço calou os críticos de plantão que afirmavam se tratar de um filme eleitoreiro.
Por favor, descontem qualquer simpatia ou antipatia com o presidente Lula, com o PT, com movimentos políticos, associativos ou sindicatos. Pronto. O filme que diz no cartaz “... você sabe quem é este homem, mas não conhece a sua história...” não fala nos invejáveis indicadores de qualidade de vida do governo Lula; nenhuma cena mostra o sindicalista depois da famosa greve de 1979; e trata, por cima, do acidente que aleijou parte da mão esquerda. Não cita, não mostra, não insinua, não afirma absolutamente nada sobre os erros e acertos do presidente Lula nos seus dois mandatos.
É, em pleno 2010, o Brasil continua...
(*) márcia fernanda peçanha martins
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