Blog da Marcinha

Ao postar emoções, medos, sensações e utopias aqui, através de fotos, pensamentos, crônicas, artigos e poesias, entrego a vocês um pedaço enorme do meu coração, por vezes ferido, outras alerta ou contente. Use com moderação!

21 fevereiro, 2010

Dores de amor (*)

Ouço teus passos
pesados de carregar
o mundo e os problemas.
Cansados no corredor.
Junto os pedaços
e continuo a esperar
que terminem os dilemas.
Barulhos no elevador.
Novos embaraços
impedem de segurar
as dores dos meus poemas.
Cicatrizes de amor.
Conto os espaços
e não dá para voltar
sem derrubar os sistemas.
Caminhos de terror.
E tantos cansaços
servem para mostrar
a inadequação dos temas.
Coleção de rancor.


(*) márcia fernanda peçanha martins

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Depois dos 40 (*)


Desembarquei no porto
toda a tristeza que ganhei
e desamores que acumulei.
Enfrentei o desconforto
de desafiar a maré sozinha
e recolher a erva daninha.
E abandonei num aborto
o sonho que ainda sonhava,
a esperança que carregava.
Hoje, o coração é morto,
a emoção não me alimenta,
já ultrapassei os quarenta:
tenho um pulsar natimorto.


(*) márcia fernanda peçanha martins

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12 fevereiro, 2010

Sem meio termo (*)


Não sou PhD em relacionamentos humanos, principalmente aqueles que envolvem homens e mulheres de todas as faixas etárias. Até porque é inerente aos homens e mulheres traços de seres extremamente complexos na sua essência. E ninguém é 100% perfeito ou imperfeito. Apenas uns escondem ou exibem melhor as qualidades e os defeitos. Mas com as relações anteriores que protagonizei ou com aquelas em que fui platéia, já é possível firmar algumas teorias. Sujeitas, é claro, a adaptações que se moldam conforme a capacidade de doação e recepção dos envolvidos.
Sei, por exemplo, que na vida podemos ter vários amores e que, como disse o poetinha Vinícius de Moraes, que sejam todos eternos no tempo exato da sua duração. Não existem garantias e nem contratos. Exceto o comprometimento moral de cada um. Mas é impossível esperar que todas as pessoas tenham esta compreensão de agir com lealdade de preservar a sobrevivência do outro. E os riscos estão por aí. Viver é um risco. E amar também. Só que um amor mal resolvido dói tanto, sangra demais, não cicatriza em definitivo e machuca eternamente.
Acredito que algumas pessoas nasceram para se entregar e outras para receber. Não preciso ser uma especialista para admitir esta tese. O ser humano não é absoluto, é impreciso, é indefinível e instável. No amor, os pares se formam, normalmente, entre um ser doador e um receptor, justamente para preencher as carências. E assim como é impossível generalizar um único conceito sobre o ser humano, é impossível prever o tempo de uma duração de um relacionamento tão desigual aos olhos de quem está de fora. Neste caso, vale a máxima do poetinha: eterno enquanto dure.
E poderia escrever colunas e colunas dramáticas ou efusivas sobre as teorias que desenvolvi nestes 20 e poucos anos (hehehehehe) de relacionamentos. É evidente que elas carecem de um amparo científico e metodológico. Não arriscaria afirmar que 76,5% dos relacionamentos não seguiram o conselho do poetinha. Aliás, em pesquisas, sempre fiquei curiosa em saber como se sentiam os desprezados números fracionados. Sim, porque é complicado dizer que João amou 4,5% e Maria 12,3%. Estranho amar em pedaços.
Não, leitor! Não estou amando e muito menos o namoradinho de uma amiga minha, até porque namorado de amiga minha, para mim, é homem. É muito falsa a afirmação em contrário. Aprendi, com os relacionamentos anteriores, que podemos sim viver na nossa própria companhia, que isto não é solidão, que nós não precisamos pular de uma relação para outra desenfreadamente, só para dar um atestado de vivacidade. Existem pessoas que vivem todos os dias ao lado de uma pessoa e são completamente sós. Deploravelmente solitárias.

Minhas indagações sobre as relações humanas cresceram com a entrada da minha filha Gabriela no complicado mundo dos relacionamentos entre homens e mulheres. E com a minha responsabilidade em lhe fornecer ajuda sem rancores, sem falsas constatações, sem o peso indelével da experiência adquirida. Porque, no amor, não existe caminho seguro, nem sentimento quantificado, nem a quase felicidade e nem meio termo.

(*) márcia fernanda peçanha martins

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Cenas de cinema (*)

A mão forte alisando
meu cabelo e o beijo
roubado no cinema
me lembram você.
E assim te recordando
eu recomeço o festejo
e escrevo um poema
com rimas de amor.
A noite vem chegando
e sem querer lacrimejo
já que no meu esquema
você é só um desejo
à flor da pele


(*) márcia fernanda peçanha martins

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