Blog da Marcinha

Ao postar emoções, medos, sensações e utopias aqui, através de fotos, pensamentos, crônicas, artigos e poesias, entrego a vocês um pedaço enorme do meu coração, por vezes ferido, outras alerta ou contente. Use com moderação!

31 outubro, 2008

A mancha de batom


Na camisa, uma mancha de batom.
Nos poros, cheiro de sexo recente.
A roupa trazia sinais de amassada.
E cada um conversando em um tom.
Para não falar no encontro urgente
Que deixou sua marca carimbada.

O perfume agregava sexo e traição.
Um odor pungente de falsidade.
No corpo, suor recém seco na toalha.
Deitou-se no lado da cama sem ação.
E ela ruminando o ar da infidelidade,
somava os anos de acertos e falhas.

Alheio ao estrago, ele logo pegou no sono.
Sem um afago, uma bebida, uma desculpa.
Com a respiração forte e muito ofegante.
A mulher não tinha mais nenhum sonho.
E apertava o seu coração espumando culpa,
Para esquecer que ele tinha uma amante.

Sem dormir, a mulher viu o nascer do dia,
e deslizou a mão macia no corpo do amado,
e encostou-se levemente nas suas pernas.
Já não lhe importava nada, nem o nome da vadia
que usufruiu o gozo do homem ao seu lado.
E nem as juras que pareciam tão eternas.

Depois, deixou que ele cruzasse a porta,
carregando na mala alguns pertences,
daquele jeito que ela não mais suporta.
Tudo ficara transparente e convincente.
Nenhum amor no mundo é tão resistente
quando os olhos se fecham sem olhar.


márcia fernanda peçanha martins

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30 outubro, 2008

BLOG DA LYDIAH: NOVIDADE DO SERVIDOR

BLOG DA LYDIAH: NOVIDADE DO SERVIDOR

28 outubro, 2008

O voto da periferia (*)


Cada novo dia ganha um amanhecer mais amarelecido
Cada nova manhã estampa uma notícia difícil de engolir
Cada final de almoço tem um gole de café amargo de tragar
Cada entardecer aparece um companheiro pra acudir

A vida segue, com seus passos peregrinos
Ela é soberana, se enfeita, se perfume e nem dá bola
A esperança respira, com sua força de criança
Ela é insegura, se espreita, se esconde e se enrola

Um partido se constrói e se destrói, muito rápido
Não há mais comício, reunião e nem agito de bandeiras
Um partido se gesta e se enterra, sem convite
Não há mais estrela, nem vasos esperando nas soleiras

Mesmo assim, Dona Leonor enfeitou-se de domingo,
Vestido e chapéu de aba larga que ganhou de presente,
Pro sol não esquentar a cabeça e não esquecer o caminho,
Que leva até a seção em que ela vai votar no presidente

Pegou o ônibus cedinho lá da periferia e levou seu João,
Ainda com cheiro horrível de pinga da noite não dormida,
Em todo o caminho, de solavancos e poeira, a comadre
Não desfez um papel amassadinho fechadinho em sua mão

Desceu da condução, confusa e tonta com as buzinas,
Mas é dia de passeio, de conversa fora, de euforia
Não perdeu a pose, botou batom, se ajeitou e se arrumou,
Leonor, de braço com João, foi brincar de cidadania.


márcia fernanda peçanha martins
(*) em homenagem aos 327.799 eleitores de Porto Alegre (41% dos votos válidos) que tentaram, no dia 26 de outubro de 2008, devolver a cidade aos seus moradores, através da candidata da Frente Popular, Maria do Rosário

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25 outubro, 2008

Mulheres à flor da pele (*)

Gosto do Fernando Pessoa e seus heterônimos, do Luiz de Camões, do Vinícius de Moraes, e suas declarações de amor para as mulheres, da ternura da Cecília Meireles, dos poemas e definições do Mário Quintana. Admiro os versos de Hilda Hilst, Leminski, Drummond e já tenho passagem reservada para Pasárgada, do Manuel Bandeira. Mas, depois de um mergulho intenso na obra de alguns destes autores, para o roteiro da apresentação da comunidade “Poemas à Flor da Pele”, no XVI Congresso de Poesia, que ocorre em Bento Gonçalves, a partir de segunda-feira, entendi que precisava, pelo menos, uma tarde de folga.
Nada que atrapalhasse o meu compromisso informal de ajudar a minha amiga Soninha Porto, administradora da comunidade, no kit que levaremos para Bento (material escolar, poesias impressas, folhas e o que mais se fizer necessário). Aproveitei que mãe e filha precisavam conversar e desliguei de tudo. Deixei um pouco os versos sem rimas. E, na companhia da minha filha Gabriela Martins Trezzi, resolvi ir ao cinema e andar um pouco pelo shopping. Cada dia mais compreensiva, Gabriela aceitou de pronto o meu convite e a minha sugestão para ver o filme “Mulheres...o Sexo Forte”.
Uma cena simples, apostando apenas no desempenho das atrizes (Candice Berger e Meg Ryan), que protagonizam respectivamente mãe e filha no filme, ajudou-me a entender melhor a potência do amor maternal e a admiração que um rebento pode nutrir pela mãe, desde que o sentimento seja sempre incentivado. Nem cabe aqui descrever o momento em que Candice, toda enclausurada com curativos, após uma plástica rejuvenescedora, recebe a visita de Meg no hospital. As duas, no ápice da fragilidade, reforçam o amor recíproco. Mais tarde, em situação diversa, é a vez de Meg viver momento semelhante com sua filha.

Nas últimas semanas, ocupada com a preparação para Bento e uma militância discreta para a minha candidata a prefeita de Porto Alegre (a fim de não interferir no bom momento de minha condição física), enfrentei um período de debilidade na saúde de minha mãe. Ao anoitecer de meu plantão com ela, sozinhas no quarto do hospital, senti que, mesmo sonolenta com a medicação para dor, minha mãe percebeu que alguma decisão importante atrapalhava meus pensamentos. E ao simples toque de minha mão na sua, com um aperto firme para quem convalesce, ela me transmitiu segurança.
Tudo ocorreu como no filme. Momentos em que gestos valem mais do que mil palavras. Quando se conhece o interior de uma pessoa e enriquecemos com isso, um simples olhar pode trazer a resposta que buscamos. Pois, a minha Gabriela, sem saber da declaração de amor que foi mais uma vez selada entre a mãe e a avó dela, repetiu, antes de ver o exemplo de Candice e Meg, o mesmo gesto comigo. Como se fosse uma corrente daquelas que a gente recebe nos emails e deve repassar, em 15 minutos, senão perde o amor, a casa, o dinheiro, amigos, emprego...(ufa), a Gabriela demonstrou, novamente, sua solidariedade comigo.
Pois tudo isso apenas reforçou a convicção de que no domingo, ao confirmar o voto para prefeita de Porto Alegre na urna eletrônica, mais do que uma escolha para administrar a cidade nos próximos quatro anos, estarei dizendo como eu desejo o futuro de minha filha. Se Gabriela optar por morar sempre em Porto Alegre, como eu, merece uma cidade limpa novamente, sem lixo acumulado nas esquinas; transitar pelas ruas com calçamento regular; caminhar pelo bairro que nos abriga com lâmpadas acesas nos postes de iluminação; uma frota de ônibus com o padrão de qualidade que conhecemos.
Com a certeza da escolha certa e consciência limpa, e amparada no colorido da militância que invadiu as ruas nas últimas duas semanas, posso pensar que Gabriela vivenciará a mesma cena de reconhecimento do amor maternal de sua filha no futuro. Porque eu sempre votei para que Porto Alegre estivesse na frente. Porque eu não quero pedir perdão, mais tarde, pela falta de espaço, de abraço, de escolhas, de folhas. E, quero, ao contrário do que diz a música “Aos Nossos Filhos”, de Ivan Lins e Vitor Martins, fazer a festa com Gabriela, sem precisar lavar a mágoa, a alma e a água.

(*) márcia fernanda peçanha martins, publicada no www. coletiva.net

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Sou mulher, e daí ?

Sou mulher.
Venenosa e ardilosa.
Ninguém quer.
Sou mulher.
Cor-de-rosa e poderosa.
Bem-me quer e mal-me-quer.
Sou mulher.
Vaidosa e escandalosa.
Os sentimentos se potencializam
Os desejos se priorizam
E os medos não contabilizam.
Sou fêmea. Sou feminina.
Arregaço as mangas e batalho.
Atropelo os outros e me espalho.
Mulher. Senhora. Moça. Menina.
Ocupo todos os cantos e recantos.
Nada temo. Nem caio em prantos.
Carrego vida viva no meu ventre.
Alimento quem eu vejo pela frente.


márcia fernanda peçanha martins

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Trovas de Amor

Quando choro de saudade,
correm lágrimas em rimas.
E no coração, fica a vontade
de que tudo volte ao normal.
E escrevo versos ao natural.
Se solto gritos de felicidade,
os ais são estrofes de sonetos.
Nesse dia, fica a sinceridade
e o desejo que isso não termine.
E enfeito com letras a vitrine.
Quando encontro a desesperança,
os dedos teclam letras tristes.
Nessa hora, não há passo de dança
que me faça apagar tanta dor.
E sigo poetando trovas de amor.


márcia fernanda peçanha martins

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17 outubro, 2008

Solte sua criança

Concurso na Comunidade "Poemas à Flor da Pele












Tema: Criança

Início: 08/outubro a 07/dezembro

Dados gerais
-1 poesia por participante
-inédita
-referente a uma postagem do orkut (30 linhas)
-textos não revisados, com erros de digitação e de português serão apagados..mais detalhes na Poemas à Flor da Pele

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=12590356&tid=5254506506543622272

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Sol e Lua


Quase tímido
O meu sol se despe
Invade as casas
E caminha pelas calçadas
Depois
Sem cor e sem graça
Ele se despede

Quase despudorada
A minha lua se enfeita
Anda nos pensamentos
E flutua para os namorados
Mais tarde
Sem esconder o sentimento
Ela foge sem jeito

O sol é masculino
Penetra sem pedir licença
E abandona sem coerência
o teatro do acasalamento
A lua é feminina
Usa e abusa dos artifícios
E some pelos orifícios
Crescente de arrependimento


márcia fernanda peçanha martins

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