Blog da Marcinha

Ao postar emoções, medos, sensações e utopias aqui, através de fotos, pensamentos, crônicas, artigos e poesias, entrego a vocês um pedaço enorme do meu coração, por vezes ferido, outras alerta ou contente. Use com moderação!

20 abril, 2008

Meus beijos

Meu beijo é acalanto.
Apresenta-se envolvente
ao tocar um rosto infantil.
É um sinal de encanto.
Tranqüiliza serenamente
quando tem viés pueril.
Meu beijo é fraternal.
Revela-se surpreendente
ao enfeitar laços familiares.
É uma oração emocional.
Harmoniza o ambiente
quando chega aos lares.
Meu beijo é aconchego.
Desnuda-se suavemente
ao incentivar a amizade.
Um bálsamo. Um sossego.
Agasalha o frio e o quente
quando se torna fraternidade.
Meu beijo é carinho.
Entontece maternalmente
ao roçar a face da criança.
Um desvio. Um caminho.
Perfuma a alma e a mente
quando se fixa na lembrança.
Meu beijo é sexual.
Dispara o lado inconseqüente
ao lamber, mastigar e beliscar.
Um toque mais que sensual.
Recebe teu corpo docemente
quando me deixa sussurrar,
arfar, gritar, me embriagar
e enlouquecer de te amar.

márcia fernanda peçanha martins

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Tempo frio

Frio que congela
meu coração
e até esfacela
a minha piedade
e mata a compaixão.
Não consigo ver
o menino sem comida
e o nenê a morrer
e o velho maltrapilho
todos seres sem vida.
Vento que emudece
o meu sentimento
e a voz enfraquece
não chamo meu semelhante
enterro o pensamento.
Não consigo estranhar
a falta de pão
a falta de chão
o pouco abraço
o quase espaço.
Não sei mais gritar
pelo que não tem nada
pelo que perde a estrada
pela menina abandonada
pelos carentes na madrugada.
Que tempos insanos.
Que seres estranhos.
Já não me emociono
Já não me relaciono.
Da vida me distancio.

márcia fernanda peçanha martins

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17 abril, 2008

O trauma do amor

Nestes dias, reencontrei Gérard Pommier, um colega e amigo que não via há quase 15 anos. Ele está de passagem pelo Brasil. Num fim de tarde, sentados na minha cozinha, colocamos a conversa em dia: filhos, trabalho e, claro, divórcios, separações e novos amores. No capítulo "divórcios e separações", prevaleceu o tema (tragicômico) das indenizações financeiras. Como era de se esperar numa conversa entre homens, constatamos a curiosa contradição entre a reivindicação feminina de autonomia e, por outro lado, o fato de que muitas mulheres, ao se separarem, exigem uma reparação monetária. Por estarmos ambos sóbrios, não discutimos o fundamento das pensões alimentícias para as crianças nem o da retribuição pelos anos em que uma mulher pode ter renunciado à sua vida profissional para se dedicar ao lar. Apenas estranhávamos o tipo de demanda raivosa que dá a impressão de pedir indenização pelo amor perdido.
Nos homens como nas mulheres, os amores que acabam deixam a sensação de um dano quase físico, material ("retiraram uma parte de mim") -um dano, portanto, que poderia ser compensado. Deve ser por isso que tanto os homens quanto as mulheres, às vezes, "curam" as dores de uma separação com aquisições extravagantes. "Ela me deixou? Compro uma moto." Mas as mulheres, freqüentemente, preferem que a reparação do dano seja o ônus do ex-parceiro. Mesmo quando a iniciativa da separação foi da própria mulher (ou compartilhada por ela) e não houve "infidelidade" do lado do homem, as mulheres tendem a viver a separação como uma traição, como uma crueldade que lhes foi feita, uma sacanagem. Há como explicar essa diferença, mas isso, hoje, não vem ao caso.
O fato é que a conversa com Pommier foi interrompida porque eu fui assistir ao filme de Wong Kar-wai, "Um Beijo Roubado", que acaba de estrear. Pommier, que já tinha visto o filme na França, prometeu que ele tinha a maior relação com nossa conversa daquela noite. De fato, o filme de Kar-wai é uma esplêndida elegia sobre o trauma amoroso. Os quatro personagens principais são todos inválidos da guerra das paixões. Ficam num canto lambendo suas feridas ou saem pelo mundo afora para esquecê-las ou cicatrizá-las, mas, de qualquer forma, para eles, um novo amor é a tentativa de compensar um desastre passado, que os deixou sem chaves para as portas da vida.
Para um psicanalista, é um prato cheio: confirma-se, indiretamente, a idéia de que nos apaixonamos pelos outros porque não nos foi permitido ficar com a mãe e ou com o pai. Todo amor corrigiria uma grande decepção amorosa, forçada e originária, todo amor seria um paliativo contra as dores da renúncia a nossas paixões edipianas. Ou seja, atrás de nossa vida amorosa, sempre há um dano inicial. "Será que alguém paga um dia?", diriam as mulheres evocadas na conversa com Pommier. Tudo bem, mas o complexo de Édipo, que se tornou sabedoria psicológica comum, não deixa de ser um mistério. Por que seríamos saudosos de uma única relação que nos foi proibida para que todas as outras fossem permitidas? Por que seríamos para sempre queixosos de uma única perda que nos libertou e nos soltou pelo mundo?
Mais misterioso: é raro que a lembrança de nossos primeiros afetos amorosos (com a mãe, especialmente) seja a de um idílio; em geral, ela vem junto com a queixa de termos sido, de uma maneira ou de outra, preteridos ou mesmo traídos. Talvez essa lembrança queixosa seja influenciada pelo que vem depois: a gente veria nossa primeira infância pelo prisma das dores da autonomia, do crescimento e da separação. Mas talvez haja algo mais, algo que nos torna feridos antes da batalha, queixosos de ter sofrido um dano antes de qualquer amor, inclusive antes daquela primeira relação, miticamente feliz, com a mãe. Talvez a sensação de que fomos traídos, e não nos foi dado o que queríamos e esperávamos anteceda o amor e suas frustrações. Talvez todos os amores, inclusive o edipiano, sejam apenas compensações frustrantes por um dano que, aliás, inevitavelmente, eles renovam. Mas de que dano estou falando? De qual sensação originária de que o mundo sempre nos priva porque nunca responde à altura de nossos pedidos? A resposta seria complicada e incerta, mas há um atalho. Pergunte para qualquer jovem mãe esbaforida: "Afinal, o que quer um bebê?".

Contardo Calligaris
publicado na Folha de São Paulo (17/abril)

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10 abril, 2008

Chá Verde, um santo remédio

O costume de beber chá verde veio da china pôr volta de 800 D.C. A utilização do chá começou quando os monges budistas foram para a China estudar, e de lá retornaram para o Japão trazendo chá com a concepção de ser uma bebida medicinal. Na era Kamakura (1191-1333) o monge Eisai destacou em seu livro "Mantendo a saúde bebendo chá" (1211) os efeitos benéficos desta bebida. "O chá tem um poder miraculoso de prolongar a vida. Onde quer que se cultive chá, longa vida esta pessoa terá".
Através desta passagem notamos que o Chá Verde tem tido alto valor medicinal através dos tempos. Atualmente, estudos sobre os efeitos do chá verde progrediram tanto que já é provado cientificamente o lendário dizer: "chá é um remédio miraculoso para se manter a saúde". Está ficando cada vez mais claro que o Chá Verde tem uma significativa eficácia em prevenir doenças.
Um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, demonstrou que extrato de chá verde - que possui altas concentrações de antioxidantes como catequina, polifenóis e muitos outros compostos incluindo cafeína - pode aumentar a utilização de energia muito acima dos efeitos da cafeína pura. O consumo desse chá produz termogênese (criação de calor) e maior gasto de energia e gorduras em humanos. Pesquisadores acreditam que o hábito de beber chá em vez de café é um dos fatores responsáveis pelo menor índice de infarto em países do Oriente.
Além disso, o chá tem cerca de metade da quantidade de cafeína do café. Está comprovado que o chá verde combate o envelhecimento precoce das células, diminui as taxas de colesterol, reforça os vasos sanguíneos e evita vários tipos de câncer. Previne cáries, tem ação antiinflamatória e antigripal, ativa o sistema imunológico, regenera a pele, fornece vitaminas e sais minerais, acelera o metabolismo e queima de gorduras.
É extraído da mesma planta que origina o chá preto, a Camillia sinensis, conhecida pelos povos do Oriente há mais de quatro mil anos. Porém, o método de obtenção da versão escura faz com que ela perca varias das substâncias que apresentam propriedades terapêuticas. Para conseguir esse segundo tipo de bebida o chá preto, é preciso fermentar a folha, diferentemente do processo de confecção do chá verde, no qual as folhas são expostas ao vapor d'água logo depois de colhidas e, por isso, guardam todos os seus princípios ativos.
A lista de benefícios é grande e impressiona. O povo oriental bebe o chá e se beneficia de suas propriedades há séculos. No Japão ele é conhecido e tomado há séculos.
O Poder do Chá Verde
Antioxidante - O chá verde contém altas concentrações de antioxidantes que combatem os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento.
Detonador de Calorias - O chá verde dá mais energia do que a cafeína pura, a bebida faz crescer as taxas metabólicas e acelera a oxidação das gorduras. Os pesquisadores acreditam que a interação entre a cafeína e outros componentes do extrato de chá verde aumenta as taxas de queima de gordura.
Amigo do Coração - Médicos da Universidade Harvard concluíram que pessoas que bebem uma ou mais xícaras de chá verde diariamente têm menos riscos de sofrer ataque cardíaco. Beber chá em vez de café é um dos fatores responsáveis pelo menor índice de infarto em paises orientais. Um trabalho realizado por pesquisadores da Universidade de Nagayama demonstra que beber chá verde diariamente reduz em 30% a probabilidade de um derrame na terceira idade.
Arma Contra o Câncer - Os efeitos dos compostos do chá verde no processo de oxidação das células, tem como resultado redução de doenças degenerativas com o câncer. Componentes químicos do chá verde teriam a capacidade de prevenir alterações no DNA das células. Pesquisadores afirmam que os antioxidantes do chá seriam úteis contra o câncer digestivo e urinário.

Fonte: www.nutribel.net

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Não pode entrar, não! (*)

Era uma tarde cinzenta de chuva daquelas que não dá vontade de ser muito criativo e, literalmente, esperava o tempo passar escrevendo uns rabiscos no computador. Quando fui sacudida pelo som da campainha do apartamento. Quem seria ? Se a recepção não anunciou ? A minha filha Gabriela Martins Trezzi recém saíra para o cinema com amigas, o cachorro Dalai sossegava aos meus pés (sim, ela agora tem um totó e adivinhem quem cuida ???), e eu nem imaginava quem seria. Espiei pelo olho mágico e reconheci aquela senhora carrancuda, de corpo calejado, olhar desesperançoso e expressão sombria.
A Dona Melancolia estava ali paradinha na porta, esperando uma pequena fresta para conseguir entrar. E insistiu várias vezes apertando o botão da campainha Mas, creio que os latidos “poderosos” do Dalai, um shih tzu incapaz de amedrontar até um ratinho, fizeram a Dona Melancolia dar meia volta e procurar outra freguesia. Ou o silêncio fúnebre que me impus enquanto ela não deixasse a minha porta. Ou a promessa secreta de que ela não me visitaria na nova morada. Sei lá. Algo impediu que ela permanecesse na porta até que alguém entrasse, ou que eu tivesse que sair ou codificou o sinal de que não seria bem recebida.
Mas a certeza de que ela não havia penetrado naquele corpo que não lhe pertencia não foi suficiente para afastar alguns pensamentos malignos (ahahahah... entendam isso como uma risada de bruxa malévola). Lembrei do velho ensinamento chinês (será ???) que a vida de uma pessoa está completa depois que ela escreveu um livro, plantou uma árvore e teve um filho. Não necessariamente nesta ordem que a sabedoria oriental não é tão severa e meticulosa. Como uma boa neurótica de plantão, liguei a visita indesejada da Dona Melancolia à tradição e pensei. Meu Deus, será que ela está querendo me dizer ou insinuar algo ?
Opa. Parem as máquinas. Não está na minha hora ainda. É preciso analisar o pensamento chinês com outro viés. Deveria ficar melancólica e entender a necessidade de uma vida completa somente com livro, árvore e filho, se estivesse desnuda de emoções, esquelética de paixão, sufocada pela falta de ar. Nas entrelinhas, significa que escrever um livro é repartir sentimentos com conhecidos e até estranhos. Quem sabe difundir algum conhecimento ou bobagem. Plantar uma árvore é semear o solo para que outras gerações tenham o que respirar. Um compromisso com o meio ambiente. E ter um filho é plantar a vida. É renascer.
Sou gananciosa. Quero mais. Não estou satisfeita com os dois E-Books (livros virtuais) lançados pela comunidade “Poemas à Flor da Pele” do Orkut, em que compareço com dois poemas. Tampouco sinto-me compromissada com o futuro verde do planeta com as árvores que plantei por aí (e não estou fazendo referência àquela experiência do feijão). E se engana totalmente quem pensa que as qualidades sempre enaltecidas da minha Gabriela servem para acalmar meu lado maternal. Claro que não tenho do que reclamar no quesito filho. Fui abençoada e depois, com certeza, Deus tonto com tanta perfeição, jogou a forma fora.
Não sei se estou ficando velha (o que seria prematuro demais na minha idade – hehehehe). Não sei se a saudade do pessoal da redação do Correio me faz mais pensativa. Não sei se o afeto de férias dos amigos da Saudosa Maloca me deixa carente. Talvez a tentativa da Dona Melancolia. Apenas sei que ainda tenho muitas idéias para escrever e muitas mudas e pás para plantar árvores e arbustos nos jardins da vida. Muita perna para correr atrás da Gabriela, muito ombro para lhe oferecer abrigo, muitos conselhos para repassar. E um desejo de mais tarde, bem mais tarde, ver a minha vida renascer novamente nos netos.

(*) márcia fernanda peçanha martins (publicado originalmente no www.coletiva.net

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03 abril, 2008

Aniversário da Poemas à Flor da Pele

POETAS COMEMORAM ANIVERSÁRIO
DE DOIS ANOS NO MUNDO VIRTUAL

Uma comemoração diferente e cultural, para assinalar os dois anos de funcionamento de uma comunidade do Orkut, pretende reunir, a partir do dia 29 de abril, poetas, apreciadores e amantes da poesia em algumas capitais. A comunidade “Poemas à Flor da Pele”, com mais de 1.300 membros, organizou, em vários locais, festas pelo seu aniversário, com a apresentação de poetas, músicos, danças e grupos de teatro Já agendaram a comemoração os poetas da comunidade de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Belo Horizonte, Brasília e Belém.
No mundo virtual, o endereço da comunidade é acessado por poetas, músicos, artistas, escritores e iniciantes que, independente de suas profissões, fazem poesias e nem sempre são conhecidos do grande público. “A Poemas à Flor da Pele” nasceu como um espaço para receber amigos e divulgar poesias. “A proposta de acolher aqueles que traziam a inspiração borbulhando nas veias deu tanto resultado que hoje a comunidade abriga membros de várias manifestações artísticas, culturais e literárias”, informa Sonia Maria Ferraresi (Soninha Porto), administradora da comunidade.
Em Porto Alegre, o evento de dois anos da “Poemas à Flor da Pele” será no dia 29, data da criação da comunidade, no John Bull Pub, Cristóvão Colombo, 545 (Shopping Total), a partir das 20h. A proposta é realizar um “Sarau Cultural”, com a apresentação de mais de 10 poetas recitando poesias próprias ou de nomes conhecidos, cinco músicos gaúchos, três espetáculos de dança e teatrais. Soninha Porto diz que a idéia é formatar um encontro cultural onde todos se sintam à vontade para soltar seus dotes artísticos.
A comunidade está sempre promovendo saraus virtuais permanentes, presenciais, concursos e outras atividades. Já realizou três concursos de poesia, com distribuição de certificados especiais aos vencedores; apura os resultados do concurso de aniversário da “Poemas à Flor da Pele”, cujo tema foi “A Água”, e que terá um E-book especial com a publicação dos 25 melhores poemas. E, em novembro do ano passado, em apenas um final de semana, recebeu mais de mil participações no Festival de Poemetos.
“Artistas-internautas em segundos, no mundo virtual, a um toque de dedos-teclas, atingem milhares de pessoas com suas obras”, define Soninha Porto, para explicar o sucesso da comunidade. Está em fase de finalização o 2º E-Book da “Poemas à Flor da Pele”, com a participação de web-designers, artistas plásticos e fotógrafos ilustrando as poesias. E, em outubro, durante o XVI Congresso Nacional de Poesia, em Bento Gonçalves (RS), será lançado o livro “Antologia Poemas à Flor da Pele” com a participação de mais de 30 poetas da comunidade.

release

márcia fernanda peçanha martins

RP 5075 (trabalho voluntário)

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02 abril, 2008

Vem

Vem e se enrosca com calma
nas minhas pernas
nas minhas cavernas
que escondem minha alma.
Vem e se fantasia de prazer
nas minhas entranhas
nas minhas façanhas

que te fazem estremecer.
Vem e satisfaz os meus desejos

com leves e picantes mordidas
nas minhas partes escondidas
onde guardo todos meus anseios.
Vem, garoto sapeca e me encanta
de tanto me amar.
Vem, homem gostoso e me espanta
de tanto me excitar.
Vem, macho de todas as idades
me alucina, me faz gritar

márcia fernanda peçanha martins

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